Na luxuosa casa em Belo Horizonte, jogador relaxa ao lado da piscina: “Nunca pensei em ser empresário ou técnico. Falo pouco, seria complicado”, diz.| Foto: Albari Rosa, enviado especial/Gazeta do Povo

Alex Mineiro completa 40 anos neste domingo (15). Não vai ter festa para o herói do título nacional do Atlético em 2001 – oito gols nos quatro jogos decisivos. Apesar da nova e significativa idade, o ex-jogador prefere passar batido, como (quase) sempre.

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“Quem sabe eu faça algo com a família, sem agito”, prevê Alexander Pereira Cardoso, enquanto serve-se de café na antessala da luxuosa casa no bairro da Pampulha, próxima da lagoa que é atração de Belo Horizonte, terra natal do ex-camisa 9.

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Alex incorporou o “Mineiro” ao nome só para diferenciar-se de Alex Alves no Cruzeiro, na virada para os anos 2000. Mas o ex-atleticano é mesmo a personificação da mineirice – retraído, fala quase inaudível, só confessa as coisas com risadas.

Muito em função do perfil calado, largou o futebol ao pendurar as chuteiras, em 2010, após a quarta passagem pelo Furacão (as outras foram de 2000 a 2001, 2003 e 2007). “Nunca pensei em ser empresário ou técnico de futebol. Falo muito pouco, seria complicado”, admite.

Para a sorte dos rubro-negros, quis o destino que Alex Mineiro perdesse a timidez logo nos confrontos finais do Campeonato Brasileiro de 2001. Até então, Kléber era o artilheiro do Atlético com 16 gols, enquanto o companheiro de ataque marcara nove.

Nas quartas, Kléber e Alex construíram os 2 a 1 sobre o São Paulo. Na semifinal, três de Alex nos 3 a 2 com o Fluminense. Mais três nos 4 a 2 diante do São Caetano, na ida da finalíssima (Ilan fez o outro). E o gol do 1 a 0 no embate que valeu a taça, na Grande São Paulo.

“Sempre trabalhei muito. Mas, realmente, não tem explicação lógica. Foi um desempenho anormal, mesmo para os grandes craques da história do futebol. Como o Geninho sempre diz: ‘Fui iluminado, abençoado por Deus’”, comenta Alex.

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Eternizado na Baixada, o atacante jogou ainda no exterior – no mexicano Tigres e no japonês Kashima Antlers –, passou por Atlético-MG, Grêmio e Palmeiras, sem contar os retornos para Curitiba. Oscilou entre desempenhos bons e apenas razoáveis.

Cansado das lesões, pendurou as chuteiras em 2010 e, desde então, vive da renda de 18 imóveis alugados. Recentemente, resolveu se aventurar na construção civil. Ergueu um prédio de dois andares com seis apartamentos que estão à venda.

“Consegui guardar dinheiro e estou me virando. Antes eu comprava apartamento na planta para revender ou locar. Agora cismei em construir, acho que é uma boa alternativa”, declara o ex-boleiro.

Avesso às redes sociais, só tem conta no Twitter, mantida pelas filhas, Gabriela (18 anos) e Ana Luiza (16), do casamento com Jaqueline. Facebook não é com ele, que mal tem paciência para ligar o computador.

Alex só utiliza o WhatsApp. Está sempre de olho no aplicativo de celular, mesmo enquanto dirige a BMW X6 branca pelas ladeiras da capital mineira. É assíduo no grupo “Campeões de 2001”, chance para manter contato com os velhos camaradas.

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Futebol, só os clássicos na tevê. Alex prefere o futevôlei, normalmente na cancha montada em casa, ao lado da piscina e próxima de uma ampla churrasqueira. “É mais fácil para arranjar gente para jogar, cansa menos e não tem canelada”, analisa.

A falta de ritmo – embora continue em boa forma física – não seria problema para integrar um projeto proposto pelo zagueiro Nem: reviver o time da conquista nacional atleticana. O herói está pronto. “Podem contar comigo. Seria um prazer enorme”.

E se não for possível revisitar o melhor momento da carreira de 15 anos como profissional, Alex não perde o sossego. O futuro de Matheus, novo filho do jogador, de apenas três meses, com a atual mulher Pablicia, já está delineado: “Vai ser artilheiro do Furacão”, promete.