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Silvio comemora com a torcida no Willie Davids, em Maringá. Londrina fez a festa na casa do maior rival | Felipe Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo
Silvio comemora com a torcida no Willie Davids, em Maringá. Londrina fez a festa na casa do maior rival| Foto: Felipe Rosa, enviado especial/ Gazeta do Povo

"O Londrina ressurgiu das cinzas". A declaração do técnico Cláudio Tencati pode ser considerada um clichê, mas resume a trajetória do novo campeão paranaense.

Ontem à tarde, o Tubarão suportou a pressão do Maringá fora de casa e, após empate por 1 a 1 no tempo normal, venceu nos pênaltis e voltou a levantar a taça do Estadual depois de 22 anos.

A última conquista havia sido em 1992, em outra final do interior, em que o LEC superou o União Bandeirante, no Café.

O clube pode se considerar um campeão improvável. A campanha no regional foi cheia de altos e baixos. A moral que o time ganhou com o ótimo desempenho demonstrado em 2013 – quando liderou a pontuação geral do campeonato, mas não chegou à final –, logo diminuiu com as atuações ruins registradas no início da disputa.

A equipe venceu apenas quatro dos 11 jogos da primeira fase, com aproveitamento de 48,4%. A vaga nas quartas de final foi garantida apenas na última rodada com uma vitória em casa sobre o time misto do Coritiba. "Ficamos muito desacreditados. Tivemos de lutar demais para chegar longe", declarou o volante Bidía.

Na semifinal contra o Atlé­­tico, o Londrina era obrigado a reverter uma vantagem de dois gols de diferença no jogo de volta no Estádio do Café. Conseguiu com uma goleada por 4 a 1.

Na decisão de ontem, a missão também era árdua: segurar o ímpeto do Maringá apoiado por 18 mil torcedores no Willie Davids. Em apenas 15 minutos de jogo, o Tubarão viu o adversário acertar uma bola na trave, o goleiro Vitor fazer duas defesas milagrosas e a zaga salvar uma bola em cima da linha.

O gol de Maicon Silva, aos 26 do primeiro tempo, esboçou uma tranquilidade. Mas logo depois, aos 29, veio o empate do time da casa, com Cristiano. Nos outros 60 minutos, o LEC teve de aguentar a pressão da Zebra e administrar o cansaço de uma equipe que, nos últimos 16 dias, entrou em campo cinco vezes – quatro no Paranaense e uma na Copa do Brasil.

O grito de campeão só saiu da garganta após a disputa das penalidades. O Londrina saiu atrás depois de Rone Dias desperdiçar a primeira cobrança, mas conseguiu virar e venceu por 4 a 3. "Foi preciso muito equilíbrio emocional nestes meses. Em muitos momentos, como hoje [ontem], estivemos com a corda no pescoço, mas conseguimos sair de cabeça erguida", comemorou o zagueiro Dirceu.

O ressurgimento também vale para o clube em si – desde 2009 sob intervenção da Justiça do Trabalho por causa de calote a empregados.

Sem estrutura e com muitas dívidas, o Londrina foi entregue nas mãos da empresa SM Sports, do empresário Sérgio Malucelli, em 2011. Naquele ano, o Tubarão, que estava na Divisão de Acesso do Estadual, conseguiu garantir o retorno à Primeira Divisão. No ano passado, a final bateu na trave. Em 2014, pode desfrutar do status de campeão da elite.

O objetivo agora é não perder o embalo e ganhar mais espaço nacionalmente. No segundo semestre, a equipe vai disputar a Série D do Brasileiro e sonha com o acesso. Até o início da disputa, em julho, no entanto, o clube terá de evitar um desmanche no elenco, agora ainda mais valorizado.

O atacante Arthur, artilheiro do time no campeonato com oito gols, já acertou com o Grêmio. O lateral-direito Maicon Silva, o zagueiro Dirceu, o meia Rone Dias e o atacante Joel também chamam atenção de outros clubes. "Sinceramente não sei o que vai acontecer agora. Tenho mais um mês de contrato aqui e depois tenho de decidir. Mas o momento é de comemorar muito esse título", despistou Dirceu, o responsável por levantar a taça e consolidar de vez o novo status do Londrina. Um Londrina campeão.

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