A saída no último final do semana do vice-presidente Ricardo Guerra e do diretor executivo de futebol, João Paulo Medina, foi a gota d’água para Alex.
O ídolo coxa-branca, que foi cabo eleitoral decisivo para a eleição da atual diretoria, afirmou na segunda-feira (18) que não irá mais participar da vida interna do clube.
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“Serei apenas torcedor. Não participarei de absolutamente mais nada”, disse o ex-atleta.
A insatisfação de Alex passa diretamente pela demissão de Medina, conhecido pelo trabalho na Universidade do Futebol e na reestruturação do Internacional. Foi o ex-jogador que apresentou o executivo a Guerra, que renunciou ao cargo.
Dessa união surgiu o projeto que foi utilizado como base para a campanha eleitoral que elegeu Rogério Bacellar em dezembro e que teve na chapa, inclusive, a esposa do ex-jogador, Daiane Mauad.
Mas a insatisfação do hoje comentarista do canal ESPN não vem de agora. O principal motivo é o não aproveitamento adequado das categorias de base, uma marca no projeto a longo prazo de Medina.
A saída do meia Dudu foi um exemplo. Assim que o meia Rodolfo foi contratado do Flamengo, Alex questionou a viabilidade da contratação de alguém da mesma posição do prata da casa.
Quando Dudu foi emprestado no começo de março para o Criciúma, Alex escreveu: “Quando eu achava que seria o seu momento, o clube acha melhor emprestá-lo”.
Antes mesmo disso, quando Rafhael Lucas estreou no Paranaense no final de janeiro fazendo dois gols, Alex já lembrava que as categorias de base e o futsal, “não são a salvação dos clubes, mas são a sustentação”. Depois do Paranaense veio a substituição do goleiro Vaná, mais um prata da casa, até chegar a saída de Medina e Guerra.
“A carta-renúncia do Ricardo Guerra e do Professor Medina me deixaram muito triste. O clube mais uma vez perde a chance de tentar executar o que foi mostrado no papel durante o pleito eleitoral ano passado”, criticou Alex no Instagram.
No Twitter foi além: “Parece que somos satisfeitos com o que temos. Terminamos uma linda vitória [sobre o Grêmio] sem nenhum menino da base. Inaceitável”.
O presidente do Coritiba, Rogério Bacellar, comentou a posição do antigo aliado. “Nós estamos mesclando como foi prometido na campanha. Atletas da base com alguns jogadores mais veteranos. Mas tudo isso é feito aos poucos. Não podemos queimar o jogador novo”, justificou.
“Alex é uma pessoa que considero muito. Gosto demais e vou procurá-lo sempre que tiver uma dúvida, uma necessidade. O projeto passou a pertencer ao Coritiba. O mesmo que o Alex ajudou elaborar”, acrescentou Bacellar.
Agora sem o auxílio do ex-jogador, o Coritiba vive a incerteza sobre a continuação do projeto que elegeu essa diretoria e tinha como cabeça João Paulo Medina.
A saída do executivo pegou a diretoria de surpresa, mas o clube garante que lutará pela manutenção do que estava sendo feito, sob o comando do superintendente de futebol, Mario André Mazzuco, e Maurício Andrade. Este último, que ocupa o cargo de gerente e chegou no início do ano junto com o ex-diretor executivo, permanecerá por sugestão de Medina. O ex-vice-presidente e o ex-diretor não quiseram dar entrevistas nessa segunda-feira (18).
“Nada vai mudar no conjunto. A restruturação financeira e administrativa vai continuar. Se o Guerra não está mais, vou me sobrecarregar um pouco mas vamos tocando até encontrar outra pessoa”, disse Bacellar. Algo que Alex irá conferir de longe.