Dúvida na escalação alviverde pelo terceiro jogo seguido, Rafhael Lucas começou a semana da final contra o Operário com três períodos de tratamento, nesta terça-feira (28). Físico pela manhã, reforço muscular à tarde (ambos no CT da Graciosa) e espiritual à noite, na Igreja Pentecostal Unida do Brasil, no bairro Cajuru, em Curitiba.
Ali, o artilheiro do Coritiba e do Paranaense ouviu mais um sermão do pastor Samuel Thomas. Amigo do atacante desde 2007, o religioso virou uma espécie de conselheiro espiritual da expressiva “bancada evangélica” no elenco coxa.
O primeiro encontro foi há pouco mais de um mês – e tem se repetido antes das partidas em Curitiba. “O Senhor é contigo, homem valente”, disse um anjo a Gideão, foi a passagem escolhida para a primeira reunião. O objetivo daquela pregação no Hotel Bourbon era incentivar os jogadores diante dos desafios. Os mesmos atletas que terão no domingo (3) a missão mais difícil da temporada: bater o Operário por três gols de diferença para ser campeão nos 90 minutos – ou por dois para decidir nos pênaltis.
“Nossa intenção é incentivar. Que eles confiem na vitória”, explicou o pastor.
Em oito anos de amizade, ele vivenciou de tudo na carreira de Rafhael Lucas. O bom desempenho do jogador nas categorias de base, a grave lesão no joelho, os empréstimos a times periféricos, a falta de espaço no profissional até, enfim, o sucesso neste Estadual, no qual é o artilheiro com 12 gols até aqui. A boa fase só foi interrompida pela lesão muscular que o atrapalha desde o segundo jogo semifinal, contra o Londrina.
“Ele passa por este momento, mas não desanima”, garante o pastor.
Sem confessar para quem torce, o religioso tem postagens com fotos no vestiário do Couto Pereira, na concentração, correndo com Rafhael Lucas no Jardim Botânico, além de uma com vários atletas como o goleiro Vaná, o zagueiro Luccas Claro, o atacante Keirrison, o volante Alan Santos, os laterais Norberto e Carlinhos. A publicação nas mídias sociais mostrou “a turma da Bíblia” (13 jogadores) após uma reunião na véspera do duelo com o LEC.
Os encontros são aprovados pela diretoria e comissão técnica. “Sempre dentro de um elenco há grupos distintos. Os que, fora de campo, gostam de jogar bola, de pagode, de ler a bíblia. Essa espiritualidade é sempre muito bem-vinda”, disse o vice-presidente Ernesto Pedroso.
Desta vez, porém, uma viagem do pastor vai atrapalhar a reunião antes do jogo decisivo. “Até o Glydston [Ananias, coordenador da preparação física] lamentou. De qualquer maneira, pretendo mandar uma mensagem aos jogadores”, contou.
Ex-jogador do Coxa e confesso torcedor, o zagueiro Pereira era um dos líderes dos evangélicos quando esteve no clube, de 2009 a 2013. “É muito importante para o atleta, como jogador e como homem. Muitos saem de casa cedo e não têm essa orientação no dia a dia. Serve para não se deslumbrarem demais, terem a cabeça no lugar”, comenta o defensor do Juventude. “Em um momento decisivo é mais importante ainda. Para controlar a ansiedade e confiar em si mesmo para colocar em práticas todos os fundamentos”, defende, com fé na reação alviverde.
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