Responsável pela divulgação das conversas entre funcionários, dirigentes e conselheiros evidenciando um racha na diretoria do clube, no fim de agosto, no que ficou conhecido como caso Whatsapp do Coritiba, Bruno Kakfa está revoltado. Após só ele ter sido punido com a expulsão do quadro associativo – o que ainda gera dúvidas –, Kafka não poupou críticas ao presidente do Conselho Deliberativo e vereador de Curitiba, Pierpaolo Petruzziello (PTB). “Eles [conselheiros inocentados na segunda-feira, 21] foram os grandes derrotados, pois conseguiram ser absolvidos de uma maneira baixa, desleal com o Coritiba. Isso comprova quem são os demais membros do grupo político deles, incluindo o presidente do conselho, Pier Petruzziello”, defende Kafka. Mesmo diante do resultado adverso, Kafka garante que não se arrepende e que divulgaria as conversas novamente se pudesse. “Ficou explícito para a torcida do Coritiba quem eles são. Sinto que moralmente o grande injustiçado da história fui eu e o clube”, acrescenta.
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A votação aberta
Kakfa reclama que houve descumprimento do estatuto na votação que absolveu o vice-presidente André Macias e outros conselheiros. O artigo 71 do documento define que o voto deve ser secreto, o que não foi cumprido. “Ele [Petruzziello] era o presidente do conselho, teria de ser o guardião do estatuto”, reclama Kafka. “Ao deixar o voto ser aberto, ele já tinha dado margem para que no Judiciário os amigos dele pudessem anular caso fossem expulsos”, ataca.
Petruzziello, que fez sua última sessão como presidente do conselho alviverde, alegou ter deixado para os integrantes do plenário a escolha pelo voto secreto ou não – mesmo contrariando o estatuto. “É a última vez que eu vou tocar nesse assunto. Eu escutei a manifestação dos conselheiros, dos torcedores, que pediam em redes sociais e nas ruas que o voto fosse aberto e deixei a decisão para o plenário. Sou um democrata”, fala, defendendo que o estatuto precisa ser reformado. “Se os envolvidos fossem absolvidos pelo voto fechado, a repercussão seria muito pior do que o que está acontecendo. A votação aberta mostrou quem é quem para o torcedor”, acrescenta.
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As abstenções
Kafka ainda reclamou de a mesa diretora ter considerado as abstenções como voto ‘não’ – ou seja, contra a expulsão dos conselheiros. “Teve gente que se absteve [de votar] por não concordar com o voto aberto porque poderia ser anulado no Judiciário. E membros da comissão se abstiveram porque não era ético eles votarem no próprio relatório. O Pierpaollo não deixou claro desde o princípio que esses votos valeriam como ‘não’”, reclama.
Já Petruzziello afirma que o artigo 71 do estatuto, que fala que dois terços dos presentes precisam votar a favor da exclusão, é claro e foi lido duas vezes. “Quem votou na abstenção, fez porque quis. Essa desculpa de que não sabia é balela, é tumulto. Tem de saber respeitar a decisão dos conselheiros”, resume.
Expulsão indefinida
Como o Conselho não votou a expulsão de Kafka, alegando que a decisão já tinha sido feita pela Comissão de Ética, até agora o associado não tem certeza se foi expulso. “O relatório [da Comissão de Ética] deveria determinar a minha expulsão, mas eles só a sugeriram. Isso é a cara das pessoas que participam da política do clube hoje. Um ato covarde e omisso”, protesta, afirmando que irá protocolar nesta semana um pedido ao clube para saber se ainda é sócio ou não. Dependendo da resposta, irá recorrer ao conselho disciplinar.
Para Júlio Militão, presidente da comissão, o procedimento adotado foi o correto. “A comissão foi nomeada para dar um parecer. Ela não se julga competente juridicamente para julgar ou excluir quem quer que seja. O Conselho deveria ter votado a respeito da exclusão”, opina. Para ele, Petruzziello acertou ao acatar a decisão da maioria pelo voto aberto.
Por sua vez, Petruzziello entende que Kafka não está expulso ainda porque o relatório não foi conclusivo. “A Comissão de Ética só sugeriu a expulsão. Para mim ele não está expulso ainda. É algo que a comissão disciplinar pode definir”, argumenta.
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