"O Coritiba do jeito que está não pode ficar", sentencia Rogério Portugal Bacellar, candidato à presidência do Coritiba pela chapa Coxa Maior nas eleições de amanhã. A principal preocupação do cartorário é a gestão financeira do atual presidente e adversário no pleito, Vilson Ribeiro de Andrade. "Vamos abrir a caixa-preta". Caso vença a concorrência para o Conselho Administrativo, os planos de Bacellar estão divididos em duas frentes. Ricardo Guerra, integrante do G5, será o responsável pela transição administrativa. E João Paulo Medina, da Universidade do Futebol, o superintendente da bola.
VÍDEO: Assista a entrevista de Rogério Portugal Bacellar
A chapa de Bacellar conta ainda com um cabo eleitoral de respeito para tomar o comando do Couto Pereira, após cinco anos da gestão Vilson. Após retirar-se do gramado, Alex revelou o apoio aos oposicionistas ontem. "Estamos felizes da vida", comenta.
O seu adversário disse que nunca viu o senhor no Couto Pereira. Onde costuma ficar no estádio?
É uma tremenda besteira o que ele falou. Eu fico nas cadeiras, embaixo das estações de rádio, há dezenas de anos. Sou sócio e torcedor do Coritiba desde que nasci, meu pai me levava ao campo, minha família é coxa-branca. Quero levar para dentro do Coritiba a minha experiência como tabelião e presidente da associação dos notários e registradores do Brasil (Anoreg-BR), que congrega 20 mil cartórios.
Houve uma indefinição na escolha dos nomes para o G5 e do candidato à presidência do clube. Por que o senhor acabou aceitando?
Eu não tinha aceito. Só aceitei depois de ter conversado com todos os membros da diretoria e eles aceitarem a minha proposta, de fazer o planejamento estratégico para curto, médio e longo prazo. O Coritiba precisa de uma reestruturação total. O estudo feito pelo professor [João Paulo] Medina [da Universidade do Futebol] é o início da caminhada. O Coritiba sempre foi um clube vencedor, desde que iniciou sua história em 1909. O Coritiba nos últimos três anos está sempre entre os últimos do Brasil, perigando cair para a Segunda Divisão.
Vilson Ribeiro de Andrade diz que a dívida exigível do Coritiba é de R$ 20 milhões e o restante já está vinculado ao Refis e ao Proforte. O senhor fala em R$ 200 milhões. Em qual número a torcida pode confiar?
A partir da hora que nós formos vencedores, vamos abrir a caixa-preta e saber os números reais. Ele não provou nada, apenas disse que as dívidas estão saneadas. De 1909 até 2009 o clube devia R$ 50 milhões. De 2009 até 2014 deve R$ 200 milhões. Não se justifica em cinco anos aumentar essa dívida.
Qual o seu plano para sanear o clube?
A receita do Coritiba é de R$ 100 milhões. Queremos aumentar. Mas, primeiro, precisamos saber o que foi pego de adiantamento da Rede Globo e os patrocínios que podemos usufruir, como o da Caixa. Precisamos conhecer a situação. Vamos fazer uma reestruturação com bases sólidas.
O senhor prometeu uma nova despedida para o Alex, com um quadrangular reunindo ainda o Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe. É viável?
Todos querem homenagear o Alex. Acho que o Coritiba não despenderia nada.
Como o senhor encara o apoio do Alex à chapa?
Estamos felizes da vida, pois temos o apoio do Alex, e ele trabalhar no Coritiba é um sonho. Queríamos que ele continuasse a jogar futebol, pois ainda tem capacidade. Só não continuou porque a atual diretoria não cumpriu as promessas que foram feitas a ele, que era uma categoria de base forte e um time competitivo para disputar os primeiros lugares do Brasil. Não cumpriram com isso, até o próprio presidente disse que foi um erro da gestão dele. Queremos corrigir esses erros, além de homenagear o Alex dignamente, queremos convencê-lo a jogar mais no Coritiba, pois a camisa 10, quem substituirá será a torcida.
A proposta da sua chapa é ter o presidente como uma figura institucional. O presidente Vilson disse que não serve para ser "rainha da Inglaterra". Como será a sua participação na rotina do clube?
Em todas as instituições que presidi, e foram várias, sempre fiz gestões participativas. A função do presidente é delegar e cobrar, executando, ser um 'gerentão'. Só não vai acontecer o que aconteceu com o [Felipe] Ximenes, que contratou jogadores e o presidente autorizava tudo. O que aconteceu com o clube? O caos que está hoje.
Sua chapa diz que será expressamente proibida a participação de familiares dos dirigentes na gestão do Coritiba. Há essa situação atualmente?
Não tenho conhecimento se existe, me falam que sim. O Coritiba, como clube privado, pode pôr quem quiser. Não acho certo, ético. Eu não vou por nenhum parente meu dentro do Coritiba.
Um integrante da chapa da situação é diretor da Pro Tork. O senhor vê problema na participação na vida política do clube de quem tem interesses comerciais?
Eu não acho ético, mas se ele acha ético, não sei qual é a ideia dele de ética. Um credor de um clube de futebol não pode fazer parte de uma diretoria, sob o critério ético.
O Couto Pereira vai ser a casa do Coritiba nos próximos anos ou é possível construir um novo estádio?
Sempre foi a casa do Coritiba, desde que se chamava Belfort Duarte. Não existe possibilidade de novo estádio. Claro que queremos fazer uma reforma no Couto. A economia que vai ser feita com os atletas que tiveram suas contratações equivocadas, nós poderemos reformular o Couto Pereira, construir CT e melhorar até o CT da Graciosa, que hoje não tem alojamento e refeitório.
O senhor diz ter conhecimento de infiltrações no setor das sociais do Couto Pereira e perguntou para o Vilson se a cobertura poderia cair. Há esse problema?
Quem me contou das infiltrações foi o pessoal da imprensa. Que todos os jogos que chove no Couto eles ficam dentro d'água, que fica uma piscina. Ele [Vilson] me chamou de irresponsável. Irresponsável é ele que deixa a infiltração continuar.
O que o senhor achou da solução encontrada para o setor Pro Tork?
Poderíamos ter feito gastando muito menos e fazendo muito mais. Com os jogadores Lincoln e Chico, somando os quatro anos de contrato, dá quase R$ 20 milhões. Foram investidos R$ 16 milhões no setor com juro de 1% e 50% dos recebíveis ficam com a Pro Tork. Nós não estaríamos pagando juros e teríamos construído.
A chapa já fez uma análise do elenco e sobre quais jogadores contratar?
O que temos é superficialmente o estudo do Medina. Dez jogadores vencem o contrato agora em 2014. Temos de avaliar jogador por jogador e ver o que serve. Diminuir o elenco drasticamente. De 80 jogadores queremos ficar com 36, aproveitando os garotos da base que servirem e não estiverem totalmente vendidos para empresários. Não queremos ser reféns de empresários.
Que importância o Coritiba vai dar ao Paranaense?
Nossa intenção é jogar o Paranaense com seriedade. Se pudermos usar a força máxima, vamos usar.
Como será a relação com o Atlético?
Temos de ter um grande relacionamento, não só com o Atlético como com o Paraná. Os três clubes grandes da capital têm de se unir para que o futebol do estado seja reestruturado totalmente.
E com a Federação Paranaense de Futebol?
O Hélio Cury pegou a federação completamente quebrada, sem sede, sem dinheiro, sem nada. Ele está tentando recuperá-la. Estamos dando um voto de louvor para ele pelo que tem feito.
Quais são os planos para o associado do Coritiba?
Pensamos em um novo plano de sócio, criando o cartão verde, cartão que dará vários benefícios ao sócio. Ele poderá levar seus amigos ao campo de graça, material esportivo de graça e viajar junto com a delegação. São alguns dos benefícios e vantagens.
Como será o tratamento com a torcida organizada?
Com a Império e toda torcida organizada do Coritiba teremos uma relação de cordialidade, de amizade, de muito respeito. A torcida é o maior patrimônio do Coxa, e a Império faz parte dessa torcida, é um dos ramos mais fortes. Tem muita gente da Império nos ajudando.
O presidente Vilson falou que o sonho dele é deixar o Coritiba entre os seis melhores do Brasil. Qual o seu sonho?
Meu sonho é ser campeão do mundo, mas vai demorar. Com planejamento estratégico, plano diretor e com pés no chão, vamos chegar lá. Mas primeiramente vamos chegar entre os melhores do Brasil, pois faremos um time de futebol com raça, dedicação e amor à camisa, como foi feito o time de 1985.
Por que o sócio deve votar na sua chapa?
O apelo é no sentido de haver mudança, que é salutar e necessária. O Coritiba do jeito que está não pode ficar. Vamos fazer um trabalho muito grande para que o Coritiba volte a ser um dos maiores do Brasil. Maior do Paraná ele já é.
***Na primeira pergunta do vídeo, Bacellar responde sobre o novo treinador do Coxa. A entrevista foi gravada antes de Marquinhos Santos cancelar a ida dele para o Vasco.
“O Coritiba do jeito que está não pode ficar”, diz Bacellar
Rogério Portugal Bacellar, candidato de oposição nas eleições do Coritiba, faz duras críticas à atual gestão, trata das finanças do clube e dos planos para o futuro caso vença.
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