Com a presença de astros que brilharam na temporada europeia e em um país com a paixão inflamada pelo sucesso de sua seleção na última Copa do Mundo, os estádios chilenos serão como um oásis diante do conturbado momento político do próprio Chile e dos escândalos envolvendo o futebol mundial.
Primeira competição oficial de seleções após a deflagração do Fifagate, a Copa América 2015 começa nesta quinta-feira (11) tendo nomes como Messi, Neymar, Vidal, Cavani, James Rodríguez jogando no quintal, ou, no caso de Alexis Sánchez, em casa .
A partida de abertura será entre Chile e Equador, em Santiago, pelo grupo A, às 20h30 (de Brasília). O Brasil está no grupo C e vai estrear no domingo (14), contra o Peru, em Temuco, às 18h30.
Sem cerimônia com os convidados ‘El Niño Maravilla’, como é apelidado o jogador do Arsenal, acredita que o Chile ganhou o respeito dos rivais após boa campanha em 2014, quando perdeu nos pênaltis para o Brasil nas oitavas de final. A “geração dourada” aprendeu o que precisava.
A campanha publicitária do evento tem o atacante Pinilla como astro. O mote é a bola na trave que ele acertou contra o Brasil (rendendo inclusive uma tatuagem no atleta) no último lance da prorrogação no Mineirão, dizendo que é possível dar o passo seguinte.
“Este grupo vai ganhar a Copa América. Este é o momento de conseguir grandes coisas”, disse Sánchez em entrevista coletiva. “Confio plenamente nos meus companheiros. Estou ansioso para jogar a primeira partida, queremos dar tudo”, completou o jogador eleito o melhor da Premier League pelo público inglês em uma pesquisa com 200 mil torcedores.
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A confiança no que seria um título inédito para o país é movida também pelo equilíbrio. Se Uruguai (15) Argentina (14) e Brasil (8) dividem 37 dos 43 títulos da Copa América, o destino da taça 2015 é imprevisível. São 12 seleções divididas em três grupos. Além da trinca papa-títulos e do anfitrião, acirram a disputa a Colômbia e o México (convidado assim como a Jamaica).
A possível melhor Copa América dos últimos tempos contrasta com o lado obscuro do futebol que começa a ser escancarado de forma inédita. A abertura acontece apenas 16 dias depois de a investigação conduzida pela Justiça dos Estados Unidos resultar na prisão de sete executivos da Fifa, incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e forçar a renúncia do presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter.
Embora diversos jogadores tenham repetido, com algumas variações, a frase de Diego Armando Maradona – “a bola não se mancha” –, o desafio parece grandioso demais. “Nossa Copa América se vê manchada por eventos alheios ao futebol. É lamentável”, disse Sergio Jadue, presidente da Associação Chilena de Futebol e vice da Conmebol. “Mas o futebol pode nos dar muitas alegrias dentro de campo”, disse o dirigente à Agência Estado.
A apuração respinga no próprio evento. Documentos divulgados pela Justiça americana mostraram que os principais cartolas da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) dividiam subornos para vender os direitos de comercialização relativos às edições de 2015, 2019 e 2023 da Copa América e também à Copa América Centenário. Esta última, comemorativa pelos 100 anos de competição e marcada para 2016 nos EUA tem, inclusive, a sua realização ameaçada.
A entidade receberia US$ 352,5 milhões (R$ 1,1 bilhão), apenas pelos contratos comerciais e os subornos chegariam a US$ 110 milhões (R$ 349 milhões). Mas “somente” US$ 40 milhões (R$ 127 milhões) foram pagos até o momento – referentes à assinatura de contrato e pela edição 2015. O agora preso Marin teria recebido US$ 6 milhões (R$ 19 milhões) de propina.
A situação política do Chile também passa por um grave momento. Escândalos de corrupção colocam políticos e empresários na mira da Justiça por supostas irregularidades como lavagem de dinheiro, tráfico de influência e enriquecimento ilícito. Sebastián Dávalos, filho da presidente Michelle Bachelet, é um dos investigados.
Manchada nos bastidores, mas valorizada em campo, o campeão da Copa América receberá US$ 4 milhões (R$ 12,3 milhões).
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