Representantes de 12 grandes clubes do País vão pedir nesta sexta-feira (25) à presidente Dilma Rousseff, em encontro no Palácio do Planalto, em Brasília, ajuda para a aprovação com urgência da lei de refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes de futebol do Brasil - que seria superior a R$ 2,7 bilhões. O principal argumento da comissão, chefiada pelo presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro, é a situação de calamidade financeira dos clubes.
O dirigente prometeu detalhar a situação dos clubes, que considera muito grave. Ele vai defender com seus colegas o pagamento das dívidas a longo prazo para que os times possam se reorganizar. A intenção do grupo é que haja um período de carência de pelo menos três anos para que os clubes comecem a saldar os débitos. O temor dos dirigentes é que a proximidade das eleições de outubro deixe passar a oportunidade de aprovação da lei com o texto que avaliam como o mais adequado. Eles querem que esse ponto da discussão seja a prioridade no momento.
Na reunião, outros temas estarão em pauta. Como por exemplo uma mudança na Lei Pelé no que diz respeito à formação de atletas. Os clubes vão ponderar que precisam ter mais ingerência na vida profissional dos jovens formados em suas categorias de base.
O governo já se manifestou favorável a essa ideia. Dois dias depois da goleada por 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, na Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ressaltou a necessidade de modificar a legislação para permitir que jovens menores de 14 anos possam morar nos centros de treinamento dos clubes. Ele falou também que o País tem de adotar mecanismos para frear o êxodo de garotos para o exterior. "Estamos sempre exportando nossos craques, muitos deles ainda em fase de formação. Parte da nossa geração de jogadores da seleção sub-15 já está no exterior".
Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Botafogo, Internacional, Grêmio, Atlético Mineiro, Bahia, Santa Cruz e Paysandu, além do Coritiba, vão ter assento à mesa no encontro com a presidente. Vilson Ribeiro, como porta-voz do grupo, vai dizer à Dilma Rousseff que a contrapartida para o refinanciamento a longo prazo das dívidas seria o cumprimento das leis de responsabilidade fiscal, com as apresentações de certidões negativas, sob pena de o clube não poder disputar torneios oficiais.
Para o economista da BDO, Pedro Daniel, "muitos clubes correm o risco de não virar o ano se não houver uma renegociação das dívidas". Ele esteve presente na reunião do início da semana entre representantes do Bom Senso FC e Dilma Rousseff e acredita que a compensação que os clubes pretendem propor não é suficiente. "Acho frágil se deter na questão das certidões negativas".
Foi a segunda vez que Dilma se encontrou com atletas do Bom Senso FC no Palácio do Planalto. Ela estava acompanhada dos ministros Aldo Rebelo e Luís Inácio Adams (Advogado Geral da União). Eles ouviram a reivindicação de que a prioridade do pagamento de dívidas deveria ser voltada para os contratos de trabalho.
Na primeira vez, em maio, Dilma Rousseff afirmou estar "estarrecida com a falta de compromisso" dos clubes brasileiros com o pagamento de salários. Ela se disse empenhada em buscar uma solução rápida, a fim de que a lei seja levada à votação no Congresso antes das eleições.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”