Paulo Rink, Pachequinho e Saulo falaram sobre a volta de Dunga à seleção| Foto: Arquivo GRPCOM

Muito contestado, Dunga afirmou na primeira entrevista do retorno ao cargo de técnico da seleção brasileira que está pronto para ouvir críticas e sugestões, além de, pelo menos no discurso, se mostrar disposto a rever posturas ofensivas que marcaram a sua primeira passagem, entre 2006 e 2010.

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Os números do capitão do tetra são favoráveis: 42 vitórias, 12 empates e 6 derrotas no período em que conquistou a Copa América de 2007, a Copa das Confederações de 2009 e o primeiro lugar das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Mas a eliminação nas quartas de final diante da Holanda na África do Sul e a relação conturbada com a imprensa marcaram negativamente a passagem do treinador que ganha agora uma segunda chance.

A Gazeta do Povo ouviu ex-destaques de Atlético, Coritiba e Paraná sobre a escolha de Dunga. Confira as opiniões:

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Nem (Atlético)"Achei ridícula a escolha do Dunga. O treinador tinha de ser o Muricy [Ramalho], que além de ter experiência e títulos nacionais e internacionais, pensa diferente e entende de futebol. Era a hora dele. Mas a CBF não vai mudar, é sempre mais do mesmo. Não entendo como não chamaram para a Copa do Mundo os melhores jogadores que atuavam no Brasil, como o Éverton Ribeiro, do Cruzeiro, por exemplo. O Dunga tem poucos trabalhos como treinador e isso afeta muito. Acho que ele até vence a Copa América, mas antes do Mundial da Rússia ele cai. Infelizmente a CBF é igual novela: é sempre tudo igual, só mudam os atores."

Paulo Rink (Atlético)"Gosto muito do Dunga, mas acho que esse não era o momento de ter ele de volta para a seleção brasileira. Acho que outros nomes poderiam fazer um trabalho – especialmente de base – melhor, como o Muricy Ramalho ou o Abel Braga. Um técnico estrangeiro não iria funcionar, pois há um ‘bairrismo’ no país. O Dunga precisa agora trabalhar e focar na construção da seleção brasileira e do resgate da credibilidade pós-Copa. Ele não é mais marinheiro de primeira viagem e não haverá uma outra chance para ele. Eu participei da reconstrução da Alemanha [Paulo Rink foi convocado para defender a seleção alemã entre 1998 e 2000] e houve uma reconstrução no mercado local, focando no trabalho de base, e deu resultado anos depois. A lição dos alemães que fica para o Dunga é começar do zero e não pensar que sempre podemos vencer porque somos o Brasil."

Dirceu Krüger (Coritiba)"Desejo ao Dunga toda a sorte do mundo. Só o tempo irá dizer se ele foi uma boa escolha, mas se o comando da CBF o escolheu tem seus motivos. Ele já teve uma passagem pela seleção brasileira e isso é bom, mas acho que o Dunga vai precisar se cercar de pessoas para ajudá-lo. O novo treinador vai precisar trabalhar em cima da renovação, porque antigamente os jogadores tinham uma qualidade técnica e hoje não dão muita atenção a isso. O futebol é um dom e precisa ser desenvolvido."

Pachequinho (Coritiba)"Devido à reformulação no mercado, acho que sobraram poucas opções de técnico para a seleção brasileira. Dunga estudou e se atualizou sobre o futebol e tudo vai depender dos resultados. Neste início de trabalho ele precisa ter paciência, saber o momento de ser firme e trazer o povo para o seu lado. A primeira coisa que precisa fazer é focar no trabalho, escolher os melhores atletas e ter pulso firme com o grupo. Também deve ter cuidado para não sentir a pressão que sempre vai existir. A reformulação precisa existir, mas não dá para radicalizar. Tem de ser um caminho devagar, mas contínuo – equilibrando jogadores jovens com experientes."

Saulo de Freitas (Paraná)"Acho ele como treinador uma pessoa séria, que tem o comando dos jogadores. O Brasil precisa ter comando no campo e o Dunga é a pessoa certa para esse momento de transição. Agora é hora de pensar mais ofensivamente, pois não podemos depender de um jogador, como foi o caso do Neymar neste Mundial. Não acho que a pouca experiência como treinador faça a diferença, pois conhece o que é preciso dentro de campo por ser ex-jogador e creio que em 2018 podemos chegar com mais qualidade técnica. O Dunga precisa ser ele mesmo, mas tem de conquistar o respeito de todos – atletas, jornalistas e, principalmente, torcedores. Meu conselho para ele é trabalhar forte e ter dignidade no que está fazendo.

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