O jornalista Irapitan Costa, 48 anos, deixou os microfones da Rádio Transamérica no final do ano passado para assumir a coordenação do departamento de comunicação do Paraná Clube nesta temporada.
A grande identificação com os paranistas e sua vivência de 24 anos no dia a dia do clube possibilitaram a ele finalmente a aceitar o convite, que já havia sido feito por outra diretoria nos anos 2000, para fazer parte das fileiras do clube.
Irapitan pensa em ajudar o Paraná como puder durante este momento de transição de diretorias e filosofia de trabalho, inclusive transitando por outras áreas e trilhando uma nova carreira dentro do próprio time.
Um exemplo bem-sucedido de quem topou um desafio semelhante está bem perto, no rival Coritiba. Valdir Barbosa, atual diretor de futebol do Coxa, iniciou sua vida institucional no Cruzeiro, quando no final da década de 1990 deixou os microfones da Rádio Itatiaia para assumir a comunicação da Raposa.
“Por que não? O caminho pode ser esse sim. Dependendo de como o clube trabalha, o ‘cara da comunicação’, de certo modo, tem influência no departamento de futebol. A comunicação é minha paixão e para seguir um caminho diferente, precisaria me preparar. A gente pode até palpitar em algumas coisas, mas gerir futebol é bem diferente”, disse Irapitan.
Para Valdir Barbosa, a adaptação à nova rotina não deve ser um problema. “Eu acho que é mais fácil para ele do que para uma pessoa que sai da faculdade e vai direto para o futebol. A pessoa sente esta adaptação. Como ele já sabe ser jornalista e tem conhecimento das coisas do clube, sabe o que um jornalista precisa realmente do clube. Ele sabe, por exemplo, o que é uma crítica e como lidar com ela”, disse.
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Por enquanto Irapitan foca seus esforços na reformulação do departamento de comunicação, mas ele não descarta ajudar o clube como Valdir Barbosa fez. “Quando perguntaram para o Alex porque ele não aceitou ser diretor de futebol do Coritiba, ele disse que não se sentia preparado. Cada um no seu quadrado. Já querem que eu derrube o Beto?”, brincou.
“O cara tem que se preparar e hoje estou pronto para encarar o departamento de comunicação e fazer parte dessa transformação no Paraná”, acrescentou.
Para Barbosa, estar na comunicação possibilita ao profissional ter um conhecimento do “todo” de um time de futebol. “A gente convive diretamente com todos: diretoria, jogador, torcedor e imprensa. Passa a ter uma experiência maior do que uma pessoa que tenha função específica no clube. Facilita para seguir carreira”.
Trajetória paranista
A chegada de Irapitan não teve a pompa da apresentação de um camisa 10 ou goleador, mesmo porque a partir de agora será ele o responsável por apresentar os reforços para seus antigos colegas de imprensa. Repórter setorista do Tricolor em 24 dos 26 anos de existência do clube, tinha trânsito e fontes em todos os níveis de hierarquia na Vila Capanema.
Com informação exclusiva para contar não só nas rádios em que trabalhou, mas também nas páginas do finado jornal O Estado do Paraná e na Tribuna do Paraná, onde permaneceu por 25 anos. Agora, uma das suas responsabilidades será justamente evitar que as informações vazem antes da hora. “Deixei de ser pedra para virar vidraça. Defender o institucional é bem diferente”, avalia.
O convite veio ao final da Série B do ano passado. Sondagens já aconteceram em outros tempos, mas na avaliação de Irapitan a hora perfeita chegou. “Pesei os prós e contras, avaliei o que fiz nessas mais de duas décadas e meia. Pelas ligações que tenho aqui dentro e a identificação com a torcida, achei que estava na hora de dar esse passo”, acrescenta, dizendo que a crise na sua profissão também pesou na hora de decidir.
A chegada de Irapitan à comunicação do Paraná fecha um ciclo de mudanças em todo o departamento de marketing iniciado no ano passado. A nova política de redes sociais, feita por paranistas para aproximar os torcedores foi o início da reformulação, que teve participação do atual diretor de marketing, João Quitéria, ex-presidente da torcida organizada Fúria Independente, e o gerente de marketing Rafael Tempo.
Todo o departamento passa por reestruturação e os torcedores devem começar a ver mudanças em breve, como o lançamento de um novo site e um relacionamento mais afinado com o sócio. “É mais um passo nesse processo de mudança iniciado pela atual diretoria. Quem sabe em um ou dois anos o Paraná possa vender melhor a sua imagem, como uma qualidade maior, num cenário bem diferente”.
Para Rogério Afonso, diretor da Rádio Transamérica, último empregador de Irapitan, as qualidades do jornalista representam um ganho para o Paraná e podem lhe abrir portas dentro do próprio clube. “É um excelente profissional, correto, cauteloso, dedicado e focado em seu trabalho. Um grande observador. Já o contratei três vezes como repórter e sou muito criterioso com os nossos colaboradores”, afirma.