A falta de cobranças públicas e a aparente tranquilidade dos últimos meses não refletem o ambiente interno do Paraná. Assim como ocorreu em boa parte da temporada, a maioria dos jogadores chega às últimas rodadas da Série B com quatro meses de salários e cinco meses de direitos de imagens atrasados. A novidade, depois de tantas críticas abertas à impontualidade financeira e até ameaças de greve, é o silêncio.
A transformação ocorreu nos bastidores: após a chegada do técnico Ricardinho e do gerente de futebol Marcus Vinícius, em setembro, o problema passou a ser lidado de forma exclusivamente interna no clube.
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Oficialmente, não há diretriz ou norma de conduta imposta pela dupla. A modificação se deu na base do diálogo. "Isto [atraso salarial] não é algo que se impõe. Você conversa, orienta e mostra a realidade. Temos um compromisso com o clube e, à frente do clube, está a figura do torcedor, que devemos respeitar. Até porque qualquer reclamação não vai modificar nosso cenário neste momento", ressalta Ricardinho.
O treinador e ídolo paranista afirma ainda que esse cenário não vai afetar a briga do time contra o descenso a cinco rodadas do fim da disputa, o time está na 14.ª posição, três pontos distante da área da degola.
"Primeiro você cumpre seu objetivo profissional e aí sim, na sequência, você vai discutir as situações a que tem direito. O torcedor pode ficar tranquilo. Vamos atrás do nosso objetivo que é a permanência. E esta meta está mantida", assegura o treinador, que conta com o apoio de Marcus Vinícius. "Conversamos em conjunto e achamos melhor ser sempre interno para não trazermos mais coisas negativas", corrobora o diretor.
Ainda durante a parada da Copa, após seguidas demonstrações de insatisfação, o elenco se organizou e, sob a liderança de Lúcio Flávio, convocou a imprensa para dar um ultimato à diretoria caso os salários não fossem acertados, a equipe entraria em greve.
Hoje, quatro meses depois, o volante Jean confirma que a situação segue incomodando, mas não dentro de campo.
"No futebol há situações boas e ruins. E esta é ruim. A gente deixa isso de fora. O nosso grupo tem um ambiente muito bom. Esta situação é algo que não influi na nossa mentalidade de salvar o Paraná da Série C, porque o clube é maior do que essas coisas pequenas", diz.
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