A expectativa de alguns dirigentes do Paraná de resolver a conturbada vida política do clube na tarde de sexta-feira (6) foi frustrada. A intenção dos presidentes dos principais conselhos do Tricolor era de se reunir com o presidente Rubens Bohlen e convencê-lo a renunciar o cargo.
Um “sumiço”, porém, adiou os planos. Alegando compromissos particulares, Bohlen evitou o encontro com Rodrigo Vissotto, presidente do Deliberativo, Benedito Barboza, presidente do Consultivo, e Thiago Oliveira, presidente do Fiscal. Assim, apesar da intensa pressão interna pela sua saída, Bohlen ganha pelo menos mais um dia no topo da hierarquia tricolor.
A esperança dos conselheiros é conseguir agendar uma reunião com o mandatário ainda neste fim de semana. Vissotto segue acreditando em um desfecho positivo. “Conversamos pelo telefone e, em um primeiro momento, ele [Bohlen] não se mostrou avesso a nenhuma ideia”, revela o presidente do Deliberativo.
Nos bastidores da sede social do clube, entretanto, o sentimento é outro. A forma como a proposta do grupo autodenominado “Paranistas de Bem” foi apresentada a Bohlen — a equipe condicionou um aporte financeiro de R$ 4 milhões no futebol à renúncia do presidente — não foi bem digerida pelo mandatário, que viu na estratégia uma tentativa de golpe para tirá-lo do poder. Agora, ele pode endurecer o páreo contra o grupo.
Além do sentimento de traição, Bohlen condicionaria sua saída à renúncia dos dois atuais vice-presidentes do Tricolor, Aldo Coser e Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, algo que o “Paranistas de Bem” não estaria disposto a aceitar. Casinha, inclusive, é o favorito do grupo para assumir o poder se Bohlen realmente sair.
A necessidade de renúncia do presidente foi praticamente unânime na reunião do Conselho Deliberativo, na última quinta-feira (5). Pressionado, Vissotto admite a urgência em resolver a questão. “A nossa parte foi feita, fomos atrás e conversamos. Agora ficamos dependendo da disponibilidade do presidente”, explica. “Vamos tentar conversar com ele já neste final de semana”, reforça Vissoto.
Nesta semana, dois administradores do Ninho da Gralha, que integram o “Paranistas de Bem”, Carlos Werner e Luiz Ricardo Berleze, renunciaram às funções. Assim, a tendência é de que a casa da base volte a sofrer com a falta de recursos, o que aumenta ainda mais a pressão sobre Bohlen.