A cruzada contra a liberação de cerveja nos estádios parece ter surtido efeito. Os vereadores de Curitiba que propuseram o comércio durante os jogos agora já admitem que não terão como aprovar o projeto de lei.
A votação em segundo turno deve ocorrer na próxima semana. Na primeira votação, a norma foi aprovada por 19 votos a 11, mas muitos parlamentares teriam mudado de lado desde então, como Chico do Uberaba (PMN).
“Não tem a menor chance de prosperar mais”, lamentou o vereador Pier Petruzzielo (PTB), um dos autores do projeto, em entrevista ao blog Caixa Zero. Ele participou de uma reunião na terça-feira com membros do MP e das polícias militar e civil. No encontro, os órgãos intensificaram o discurso contrário à cerveja nas praças esportivas.
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“Nossa preocupação é com relação à constitucionalidade. O MP está trabalhando em defesa do consumidor”, disse o procurador de Justiça Ciro Schreiber. A promotora Cristina Ruaro complementou: “Curitiba sempre esteve na vanguarda. Isso [a aprovação] é um retrocesso”.
O delegado Clóvis Galvão, da Demafe (Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos), foi taxativo ao dizer que “a polícia civil é contra a liberação. Bebida alcoólica aumenta a violência”
O coro ganhou ainda mais força nesta quarta-feira (2), com declaração do arcebispo de Curitiba. “O futebol é um esporte apaixonante; de muitas emoções e disputas. A bebida alcoólica, ainda que em módica dosagem, estimula muitos confrontos. E desfigura a dimensão esportiva de qualquer jogo”, afirmou Dom José Antonio Peruzzo, em carta enviada nesta quarta-feira (2) aos vereadores da Câmara Municipal.
“Hoje, mais do que outrora, há uma difusa predisposição à violência. Pequenos motivos se tornam grandes confrontos. E o consumo alcoólico, ainda que em pequenas doses, se diminui os reflexos (por isso não se deve dirigir carros), também reduz a capacidade de reflexão e raciocínio. Mas crescem os ímpetos, até os instintuais. Daí à violência basta um pequeno passo”, seguiu o religioso.