A partir desta quarta-feira (27), quando o Atlético entrar em campo contra o Fluminense, às 19h30, em Volta Redonda, será dado o passo inicial da Primeira Liga. Competição que promoveu a rara união de 12 clubes dos estados de Rio, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o torneio é a principal aposta dos clubes por maiores rendas no primeiro trimestre.
Após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) proibir a realização da disputa na segunda-feira (25), por pressão da Federação de Futebol do Rio (Ferj), o certame ganhou o apoio dos torcedores.
A hashtag JuntosPelaPrimeiraLiga rodou a Internet, com fãs de clubes rivais postando fotos juntos e apoiando a queda de braço política com a CBF. Um protesto, inclusive, está marcado para sexta-feira na frente da Ferj.
Principal inimiga do interestadual, a federação carioca chama a Liga de “milícia” e afirma que autorizar a competição seria liberar a “anarquia”. A CBF, que permitiu a realização das partidas da competição como amistosos só até o fim de janeiro, admite notificar a Commebol e a Fifa em caso de desobediência.
Mesmo com problemas de organização, principalmente pela falta de datas, da baixa receita de patrocinadores e tevê, a competição é vista – e defendida – como embrião para uma liga nacional independente da CBF. Para ter sucesso, a primeira impressão é fundamental.
O Coritiba, outro representante paranaense, estreia contra o Internacional, às 21h45, em Porto Alegre.
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Confira cinco benefícios e os desafios que os clubes devem ter com a realização da Primeira Liga:
Pontos positivos
Das 12 equipes que participam desta primeira edição da competição, 10 integram a Série A do Brasileirão, o que deve despertar mais o interesse do público. Comparadas as médias de público de Atlético e Coritiba no Paranaense e no Brasileirão, a maior atratividade dos jogos de apelo nacional é evidente. Atlético e Coritiba ficaram abaixo dos 10 mil de média no último estadual, enquanto no Brasileirão tiveam 16 e 14 mil, respectivamente.
Com algumas exceções ao longo dos últimos anos, a dupla Atletiba tem sofrido para brigar pelo topo da tabela do Brasileirão e, apesar de os dois times terem feito três finais consecutivas de Copa do Brasil, entre 2011 e 2013, o caneco não veio para o estado. A nova liga não tem a importância duas competições nacionais estabelecidas, mas engloba grandes forças do futebol nacional e uma conquista pode significar mais projeção e visibilidade para os paranaenses.
Com os direitos de transmissão vendidos para o canal a cabo da rede Globo, por um valor na casa dos cinco milhões de reais, a primeira edição do torneio não deve representar um reforço significativo aos cofres dos clubes. Porém, o sucesso da competição pode abrir as portas para uma ampliação da arrecadação com bilheterias dos clubes, bem como do valor dos direitos da liga como um todo.
Se os estaduais não servem como parâmetro para avaliar o elenco dos clubes, a liga pode solucionar este problema. Muitos dos confrontos marcados pelo novo torneio se repetirão no Brasileirão, o que deve ajudar os dirigentes de Atlético e Coritiba a detectarem melhor as falhas que tem no grupo e buscar soluções antes do inicio do nacional.
Atlético e Coritiba buscam estabelecer suas marcas entre as mais importantes do futebol brasileiro e estar entre os clubes fundadores da Primeira Liga pode ajudar na tarefa. A chance de começar o ano com a exposição característica de clubes como Flamengo e Fluminense pode ajudar a ampliar a projeção nacional dos clubes e da competição em si.
Desafios
A federação estadual com combate mais ativo à Primeira Liga é a do Rio de Janeiro. A entidade carioca não mantém relação com as direções de Flamengo e Fluminense, dois dos maiores articuladores da competição, e a implosão da competição significaria uma vitória política do presidente da entidade carioca, Rubens Lopes. A CBF, que havia liberado a realização do torneio, voltou atrás e também manifestou apoio a causa de Lopes, proibindo a realização do campeonato em 2016.
A principal reclamação da CBF na realização da competição é o acúmulo de jogos que as disputas simultâneas da liga e dos estaduais trariam. Apesar de ter apenas três datas programadas para todas as equipes, com o máximo de jogos chegando a cinco, para as equipes que realizarem a final, os regionais já ocupam praticamente todo o cronograma dos primeiros meses do ano, o que espreme ainda mais o já apertado calendário nacional.
Mesmo chegando ao acordo de que precisavam de uma competição mais atrativa para os primeiros meses do ano, os dirigentes dos clubes envolvidos na liga tem mostrado que ainda trocam farpas nos bastidores. Um dos exemplos foi o desentendimento entre o presidente do Cruzeiro, Gilvan Pinho Tavares e o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mario Celso Petraglia. Quando o segundo foi apontado como co-presidente da liga, dividindo o cargo com o primeiro, o mandatário da Raposa ameaçou retirar sua equipe da competição, algo que foi descartado após a eleição de Petraglia ter sido ‘anulada’.
Mais uma competição no já apertado calendário nacional pode significar uma sobrecarga física para os jogadores. Em 2014, a CBF chegou a propor uma medida que limitaria o número de partidas que o jogador pode atuar por ano em 65, mas a resolução não chegou a ser implantada. Se cumprirem todo o calendário que está programado, chegando as finais do Paranaense e da liga, Atlético e Coritiba fariam 22 jogos em 90 dias, o que dá a média de uma partida a cada quatro dias. Se projetados os números para o ano todo, a dupla chegará a 75 partidas, superando em dez a marca estipulada pela CBF.
Estabelecer uma equipe base já no inicio do ano e manter o planejamento será ainda mais difícil. Com mais jogos programados, a necessidade de ter um elenco maior, o que pode comprometer diversas áreas do clube. Além de precisar de mais fôlego financeiro para manter um grupo maior de jogadores, a frequência maior de jogos causará mais mudanças na escalação dos times e o planejamento de manter uma base de equipe durante o ano pode ficar inviável.
Colaborou: Robson Martins
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