Ao deixarem a Primeira Liga, após a reunião do grupo realizada nesta terça-feira (22), Atlético e Coritiba abriram mão de receitas importantes. Perda que alcança, ao menos, R$ 3 milhões para cada clube em cotas de televisão nos próximos três anos, montante que não contabiliza ainda as perdas com bilheteria e possível premiação.
A decisão da dupla Atletiba de abandonar o torneio nacional, entretanto, teve motivações que superam os aspectos financeiros. De acordo com Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Furacão, e Rogério Bacellar, presidente do Coxa, a saída ocorreu por uma questão de princípios.
Criada em setembro de 2015, a Primeira Liga não seguiu uma diretriz estabelecida em sua gestação quanto à divisão das cotas de televisão, que deveria ter o modelo inglês como base (50% igual entre todos; 25% de acordo com audiência e 25% para premiação).
A decisão, votada por ampla maioria no fim de outubro e reiterada na reunião em Belo Horizonte, não agradou a Mario Celso Petraglia, que optou por deixar o grupo. Bacellar acompanhou a decisão.
“Saímos da Primeira Liga por não concordar com as regras propostas. Não aceitamos a diferenciação e distinção entre os clubes. Queremos algo que seja bom para todos”, afirmou Bacellar, via site oficial do Coxa.
A proposta da Rede Globo por três temporadas da Primeira Liga é de cerca de R$ 70 milhões, mas 46% do montante será rateado de maneira igualitária e 32,5% por audiência. Com a saída da liga, Atlético e Coritiba deixarão de faturar cada um aproximadamente R$ 1,1 milhão por ano, sem contar receita de bilheteria e possível premiação.
“Não foi pela divisão das cotas de tevê. Destruíram todos os princípios que basearam a criação da Primeira Liga”, disparou Petraglia em entrevista ao blog mineiro Toque di Letra.
Outro ponto importante para a ruptura paranaense foi quanto ao papel da liga para o enfraquecimento dos Estaduais. Não é novidade que tanto Atlético como Coritiba querem o fim do Paranaense, disputa deficitária para ambos.
A posição, porém, vai contra os clubes cariocas, gaúchos e mineiros. Ao contrário da edição deste ano, a Primeira Liga só teria quatro datas garantidas no primeiro semestre. Em 2015 foram seis rodadas, entre janeiro e março. As semifinais e finais de 2017, por exemplo, correm risco de acontecer no segundo semestre.
“O Petraglia falou que queria aquela questão de 50% da cota de televisão e também que tínhamos de pressionar a CBF para que os estaduais cedessem datas, aquele negócio todo...”, explicou o vice-presidente da Liga, Francisco Battistotti, presidente do Avaí.
“É uma perda considerável, mas não foi um corte de relacionamento. Foi uma decisão unilateral. A liga vai acontecer e tenho certeza que no futuro votaríamos em unanimidade para o retorno dos dois”, completa o dirigente catarinense.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura