Mesmo com as pernas flexionadas, Renan, que quase virou pedreiro, ainda é mais alto do que muitos companheiros de Tricolor.| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

No ônibus que transportou a equipe do Paraná para a disputa da Copa São Paulo de Futebol Júnior 2015 em Tanabi, interior paulista, dois bancos estavam reservados para apenas um jogador. Nada de tratamento exclusivo. O assento duplo era uma necessidade para o zagueiro Renan, de 18 anos e 1,97 m de altura.

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Recém-integrado ao elenco profissional do Tricolor, o gigante da base chegou ao Ninho da Gralha em 2013, após sucessivos testes em clubes de todo o país. Nos alojamentos de algumas equipes, sofria com o tamanho da cama. "Teve lugares em que dormia com metade do corpo para fora do colchão", relembra.

Atualmente morando na casa da base paranista em Quatro Barras, Renan garante não enfrentar mais o problema. "As camas aqui são grandes o suficiente", brinca.

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Apesar do tom ameno, o grandalhão, que deixou a casa dos pais em Taboão da Serra, interior de São Paulo, logo aos sete anos para buscar o sonho de se tornar jogador, admite que as dificuldades que enfrentou com a falta de estrutura dos clubes pelos quais passou durante a juventude o levaram a pensar em desistir da carreira.

"Fiz um teste no São Caetano em 2013 e, após não ficar, falei para o meu empresário que ia desistir do futebol e virar pedreiro para ajudar a família. Ele conversou comigo e disse para tentar uma última vez, justamente no Paraná, que me acolheu", conta.

Muito mais alto do que os colegas desde a infância, o jovem relata ter sofrido da desconfiança dos companheiros desde os primeiros anos no mundo da bola. "Quando um cara muito alto chega ao time, os garotos pensam que é um bobão, que é lento. Mas me ajudou muito ter um bom futebol e a altura nunca atrapalhou", garante.

O histórico de gigantes futebolísticos conta com figuras como o atacante inglês Peter Crouch (2,03 m), o goleiro romeno Pantilimon (2,03 m) e o ex-centroavante tcheco Jan Koller (2,02 m). Koller e Crouch, apesar de reconhecidos pelo quase imbatível jogo aéreo, sempre foram criticados pela dificuldade em atuar com a bola nos pés. Problema que Renan garante não enfrentar.

"Nas bolas aéreas, é quase obrigação ganhar as jogadas. Mas por baixo também consigo levar vantagem. Os treinos de fundamentos me ajudam nisso. Já tive de enfrentar muitos atacantes de velocidade e aprendi a marcá-los", assegura.

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O prata da casa também revela a expectativa para treinar entre os profissionais, sob o comando de Luciano Gusso, com quem trabalhou durante a Copinha do ano passado. E garante: quer lutar para ocupar o espaço deixado pelo zagueiro Alisson, seu companheiro nos tempos de base e recentemente negociado com o Botafogo.

"Sei da responsabilidade. É a chance de mostrar meu trabalho. Quero subir e não ficar em adaptação. Quero buscar meu lugar na equipe", diz.