O novo estádio Couto Pereira pode não sair do papel. Pelo menos não nos moldes anunciados. O otimismo declarado abertamente pela diretoria do Coritiba há um mês deu lugar à incerteza de que o projeto feito e apresentado pela WTorre em novembro do ano passado sairá mesmo do papel. O impasse gira em torno do veto da prefeitura ao shopping center previsto no complexo do estádio, e sem ele a empresa parceira do Alviverde diz que o projeto não sai. Mesmo com um prejuízo de US$ 1 milhão, valor já gasto pela WTorre até aqui.
"Temos experiência em arenas esportivas multiuso e que atendam a 100% do Caderno de Encargos da Fifa. As diversas características que este tipo de estádio possui, recebendo jogos de futebol, shows e outros eventos diversos geram algumas receitas que cobrem o investimento feito em um empreendimento como este. No caso do Coritiba, para tornar a obra viável, adicionamos receitas acessórias, que viriam do shopping, do centro de convenções, do hotel e do edifício comercial. A prefeitura vetou o primeiro e o último, por questões de tráfego e outros critérios. Se esta posição permanecer, o projeto não sai", detalhou o diretor-superintendente da WTorre, Solano Neiva, à Gazeta do Povo.
O vice-presidente do Coxa, Marcos Hauer, confirmou que houve uma "retração" das tratativas envolvendo o novo Couto, principalmente em virtude destes pontos de discordância com a prefeitura e por eventos relacionados à crise mundial.
"Precisamos amadurecer a nossa relação com o parceiro. É um pouco reflexo da falta de liquidez, mas o que estamos esperando é uma maior consistência do projeto nas questões envolvendo as restrições", disse Hauer. O dirigente adiantou, entretanto, que o clube não está parado e já pensa em alternativas.
"Ficamos um pouco decepcionados com a WTorre, as coisas poderiam caminhar melhor, temos que dar uma solução a isso porque temos um compromisso com a torcida e com os associados. Queremos algo definido até o final do ano, estamos nos mexendo. Iremos por conta própria para a África do Sul na próxima semana, fazer alguns contatos, ver se encontramos uma nova luz", adiantou o vice coritibano.
Dirigente da WTorre responde e ainda acredita em desfecho positivo
Solano Neiva rebateu a necessidade de adendos ao projeto inicial, feito pelo renomado arquiteto português Tomás Taveira. Até aqui a WTorre revela que já desembolsou US$ 1 milhão para tornar o novo Couto uma realidade, mas o dirigente afirma que é preciso que o prefeito Beto Richa "abrace a causa", já que o empreendimento trará frutos positivos não só para o Coritiba, mas também para a capital paranaense.
"As receitas só do estádio são insuficientes para colocar o projeto de pé. Por exemplo, em São Paulo podemos cobrar um preço de camarote na nova arena do Palmeiras que não é possível no caso do Coritiba. Mostramos o projeto à prefeitura, acreditamos que ele é viável com todos os acessórios anexos ao estádio. Um projeto desta envergadura, com investimentos de R$ 300 milhões deveria ser abraçado pela prefeitura, podemos auxiliar, mas as questões que envolvem a municipalidade, as obras de adequação das ruas e outros pontos técnicos são situações para a prefeitura resolver. Cabe ao Coritiba tratar disso", comentou Neiva.
Enquanto uma audiência com Beto Richa foi sequer agendada, Marcos Hauer mantém contatos semanais com a WTorre, tentando resolver estes e outros impasses.
"Contamos com a boa vontade do prefeito, ele jamais deixaria de nos atender. Dependemos de estudos agora, de engenharia e inteligência de tráfego. Não posso ir até lá e enrolá-lo", minimizou, sem falar em datas e prazos. A parceira do Coxa também não fala em "pressão" para tirar o projeto do papel, contudo não esconde que não arredará pé da sua posição.
"Trouxemos o melhor arquiteto do mundo, investimos dinheiro e somos parceiros, mas estamos dependendo do clube fazer a sua parte junto à prefeitura. Acho que a expectativa do estádio estar pronto até 2012 ainda é possível, em 30 meses tudo fica pronto, mas da nossa parte já demonstramos confiança. Acho que o Coritiba está com a bronca embaixo do braço, precisa tratar com o município. Estamos aguardando um desfecho, e se o projeto é inviável, queremos um estudo sério que demonstre isso", finalizou Neiva.
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