RIO DE JANEIRO - A liminar que suspendia o amistoso entre Brasil e Inglaterra, no domingo, na reabertura do Estádio do Maracanã, foi revogada pela Justiça. O governo do estado do Rio de Janeiro recorreu da decisão da 13ª Vara da Fazenda da Capital, atendendo pedido do Ministério Público, que alegou falta de segurança para a torcida.
Com a entrega do laudo da Polícia Militar à Justiça -- o que teria sido preponderante para a decisão inicial de suspender o jogo --, a juíza de plantão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro liberou o estádio para a partida. O laudo não havia sido entregue, de acordo com o Governo do Rio, por problemas burocráticos.
A preocupação da Justiça era em relação aos materiais de construção que se encontram no entorno do Maracanã, que poderiam ser utilizados em possíveis confrontos de torcida.
A decisão de suspender a partida foi tomada por volta das 16 horas de quinta-feira, com a seleção inglesa já hospedada no Rio de Janeiro - bem humorado, o auxiliar-técnico Gary Neville, ex-lateral do English Team e do Manchester United, até afirmou que os britânicos estavam dispostos a "jogar na praia". Além disso, 70 mil ingressos já foram vendidos para o clássico internacional. O susto repercutiu internacionalmente e sacudiu a preparação da seleção brasileira que transcorria até então, tranquila, na Escola de Educação Física do Exército, no bairro da Urca. Logo após o treino desta quinta, jogadores, comissão técnica e dirigentes foram surpreendidos pela notícia.
Imediatamente ao anúncio, o governo do Rio, proprietário do estádio, e a CBF, organizadora do evento, trataram de recorrer na Justiça e rechaçar qualquer chance de cancelamento. "A CBF possui todos os laudos comprovando a segurança", declarou Rodrigo Paiva, diretor de comunicação da CBF. O governo também se apressou em vir a público garantir que a bola iria rolar. Em nota oficial, alegou que "todos os requisitos de segurança para o amistoso foram cumpridos e, por uma falha burocrática, o laudo da PM que comprova o cumprimento das regras de segurança não havia sido entregue à Suderj".
Para a liberação ser concedida, no entanto, era preciso confirmar as vistorias de prevenção e combate de incêndio, engenharia, condições sanitárias e de higiene. O MP reclamava que não havia obtido os laudos técnicos, mesmo com inúmeras solicitações.
Canteiro de obras Com ou sem os avais de segurança, à tarde, a dois dias da reinauguração, o Maracanã era um gigantesco canteiro de obras. Ao longo de todo o entorno, dezenas de operários executavam ajustes variados soldas, pinturas, proteções etc.
Na entrada da estátua do Bellini (zagueiro capitão do título mundial brasileiro de 1958), um guindaste fixava torres de iluminação. Tamanha era a movimentação que, mesmo considerando a liberação pelo poder público, parece pouco provável tudo estar pronto até domingo para receber o duelo entre o brasileiro Neymar e o inglês Rooney.
Cenário de incerteza recorrente quando o assunto é o batizado Mario Filho. Pelo orçamento inicial, a reforma consumiria R$ 705 milhões - atualmente, os gastos já extrapolam R$ 1 bilhão, tudo pago com dinheiro público. Não bastasse, a previsão era de que o novo Maracanã seria entregue em dezembro do ano passado. Compromisso igualmente desonrado.