Rio Quando pôs a bola na marca do pênalti, o ponta-esquerda Ado carregava nos ombros todo o Rio de Janeiro torcendo pelo simpático time do subúrbio na final contra o Coritiba. Porém quis o destino que o jovem atacante chutasse para fora e, assim, carregasse para sempre a marca de principal figura do vice-campeonato do Bangu em 85.
Um fardo pesado para carregar que a crueldade típica dos torcedores de futebol aos poucos vai passando de mão. Atleta juvenil do Bangu, Vítor Hugo Souza, 17 anos, filho de Ado e idêntico ao pai na época da decisão, sente na pele a herança familiar maldita. Tormento que o acompanha até quando não deveria.
Convidado pela reportagem da Gazeta do Povo para bater um pênalti para a foto, Vítor Hugo deu a deixa para o goleiro Rodrigo. "Na moral, na moral", como que pedindo uma ajudinha. Partiu para a cobrança sem muita convicção e... errou. "É genético", observou na hora um colega de equipe bem-humorado, após a defesa do goleiro convidado que não quis colaborar.
Sendo assim, o garoto resolveu não dar margem para um próximo desastre, e encheu o pé no chute seguinte. Estufou as redes e livrou-se um pouco do peso da história.
"Foi muito marcante. Todo mundo lembra do pênalti que meu pai perdeu, eu entro em campo, sou lembrado. Mas tenho a cabeça pra frente. E se surgirem oportunidades eu vou cobrar e fazer o gol", disse. (AP)
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