A Fifa assegurou nesta sexta-feira que não cogita a possibilidade de cancelar a Copa das Confederações por causa dos protestos e atos violentos que acontecem no Brasil. Cerca de 1 milhão de pessoas saiu às ruas do país na noite de quinta-feira para protestar por motivos variados, mas especialmente contra os governos, diante de casos de corrupção, da inflação e dos problemas nos serviços públicos.
Os protestos assustaram a entidade, que teve dois carros apedrejados. O hotel da Fifa em Salvador também foi alvo de ataques, correndo o risco de ser invadido.
Segundo a entidade, nenhuma seleção pediu para deixar o evento. Entretanto, segundo diversos meios de comunicação no Brasil, a Itália teria enviado uma queixa formal à Fifa, pedindo mais segurança e ameaçando rever sua participação. Mas, nos bastidores, a situação é bem mais crítica que o esforço da Fifa em abafar o caso.
No Rio, a estimativa foi de que mais de 300 mil pessoas protestaram, sendo contidas por bombas de gás lacrimogêneo e disparos de balas de borracha pela polícia, na última quinta, quando a Espanha venceu o Taiti por 10 a 0 no Estádio do Maracanã, que será o palco da decisão da Copa das Confederações no dia 30 de junho.
Apesar dos problemas, a Fifa ressaltou que o torneio, que serve como ensaio para a Copa do Mundo de 2014, não corre riscos. "Nem a Fifa e nem o COL (Comitê Organizador Local) sequer discutiram a possibilidade (de cancelar a Copa das Confederações)", indicou a Fifa em um comunicado. "Nem a Fifa e nem os organizadores locais falaram dessa possibilidade".
Assim, a Fifa garantiu que não debateu com o governo federal em nenhum momento a possibilidade de cancelar a Copa das Confederações por conta da violência e insiste que nenhuma seleção declarou sua hesitação em permanecer no país por conta da violência. Ao contrário do que os funcionários da entidade declaram de forma sigilosa, a Fifa insiste que as operações estão sendo "excelentes".
Na noite de quinta, a violência nas ruas havia criado um mal-estar profundo na Fifa, que passou a negociar a manutenção do evento e debater com o governo garantias de que jogadores e a funcionários seriam protegidos.
Nesta sexta, em sua coletiva de imprensa regular, a Fifa insistiu que essa não é a situação. "Temos total confiança nos planos de segurança do governo", disse a assessoria de imprensa da Fifa. "Em nenhum momento, a Fifa, o COL ou o governo federal consideraram cancelar a Copa", declarou.
Há anos, os protestos não eram tão grandes e intensos no Brasil como nas últimas semanas. Os atos começaram contra os aumentos nos preços do transporte público, mas se ampliaram nos últimos dias e agora abrangem todo tipo de reivindicação. Muitas manifestações, inclusive, ficaram marcados pelo uso da força por policiais e enfrentamentos.
Uma das reclamações mais comuns aos protestos é em relação aos altos investimentos feitos nos estádios e que sediarão partidas da Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016 em outros projetos relacionados aos eventos.
Além disso, manifestantes têm realizado atos nas redondezas dos estádios que sediam partidas da Copa das Confederações. Na quinta, um grupo foi até o hotel onde está hospedada a comitiva da Fifa em Salvador, e tentou entrar. Houve confronto com a polícia militar e dois ônibus da entidade foram apedrejados.
Anteriormente, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, pediu para os manifestantes "não usarem o futebol para promover suas reivindicações". O dirigente deixou, posteriormente, o País sob a alegação de acompanhar o início do Mundial Sub-20 na Turquia, mudando a sua agenda de última hora.
Oficialmente, a entidade afirma que essa viagem já estava planejada. O governo brasileiro nega e diz que Blatter tinha compromissos pelo País nesta semana. A Fifa garantiu que Blatter retornará ao Brasil para as semifinais e a decisão da Copa das Confederações.
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