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Se dirigir não beba, se beber não dirija! Frase mais comum do que esta em campanhas sobre segurança no trânsito não há. E não é à toa que se insiste neste assunto. Apesar de não existir uma estatística que comprove oficialmente, órgãos especializados como o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) afirmam que mais da metade dos acidentes ocorre por conseqüência da ingestão de álcool. Isso significa que dos 22.358 acidentes ocorridos no primeiro trimestre de 2005 no Paraná, pelo menos 11.179 casos fazem parte desta estatística.

O cidadão que ingere bebida alcoólica em excesso perde a sensibilidade, por isso o casamento com a direção se torna tão desastroso. "Ele começa alterando o humor, umas pessoas ficam mais expansivas, outras mais agressivas. Depois altera a percepção visual, percepção auditiva e a percepção de reflexos", explica o médico cirurgião Vinícius Filipak, que é gerente de ambulatório e emergência do Hospital Cajuru, de Curitiba, e plantonista do Siate.

Quando ingerido, o álcool entra imediatamente na corrente sangüínea, depois afeta o cérebro, por isso a mudança de humor, que é diferente para cada pessoa. Como afirma o chefe de plantão do Pronto Atendimento do Hospital de Clínicas de Curitiba, Paulo Luiz Honairer, as reações dependem da personalidade do indivíduo. "De certa forma revela aquela coisa latente que a pessoa está escondendo", diz. O médico orienta que as pessoas procurem se conhecer. "Cada um de nós deve ter a consciência dos próprios limites", recomenda Honairer.

O médico explica que além dos limites de cada pessoa, também existe outro fator, a genética do fígado. "Tem uma enzima chamada álcool desidrogenase que desmancha o álcool", conta. Há organismos que produzem estas enzimas em maior quantidade e, portanto, estão mais protegidos.

"Essas pessoas tomam 12, 24 latas de cerveja e não sobe, mas provavelmente vão ter problemas de fígado. Aquele que tem pouco dessa enzima toma uma, duas e já dá sono", explica o doutor. O tempo de eliminação do álcool, de acordo com as explicações do médico Paulo Honairer, conseqüentemente também varia.

O restabelecimento de humor e reflexos pode ocorrer após duas horas, como pode levar entre oito e dez horas. Honairer recomenda que a pessoa, então, beba bastante água. "Ela faz o corpo trabalhar em melhores condições", conclui.

Conforme o Código de Trânsito Brasileiro, o nível de tolerância para uma pessoa que consumiu bebida alcoólica durante o teste do bafômetro é de 0,6 gramas por litro de sangue. Tomando como exemplo uma pessoa que pesa 63 quilos, pode-se verificar, de acordo com tabela apresentada pelo Detran-PR, que dois copos de cerveja ultrapassam em 0,1 grama por litro de sangue o limite permitido pela legislação. O mesmo acontece para um cálice de vinho.

A quantidade de ingestão de bebida alcoólica que torna a pessoa suscetível a provocar acidentes varia de um indvíduo a outro, pois depende de fatores como peso, alimentação no dia e condições emocionais.

Quanto maior o peso da pessoa, menor a ação do álcool no organismo. Enquanto uma pessoa com 45 quilos pode tomar apenas um copo de cerveja, um cidadão de 99 quilos pode ingerir até três copos. Lembrando sempre que o indivíduo deve estar alimentado. "A pessoa nunca deve tomar álcool com estômago vazio. E de preferência com alguma comida gordurosa", conta o médico Paulo Honairer.

Segundo o médico Vinícius Filipak, não há diferença entre organismos, se considerados sexo ou idade. "A bebida age da mesma forma. O homem jovem está mais predisposto, mas é porque circula mais em ambientes de risco", afirma. Filipak alerta ainda que a mistura do álcool com bebidas não alcoólicas, como cerveja com refrigerante, não diminui o efeito da primeira.

Segundo ele, muitas pessoas tomam uma colher de sopa de azeite de oliva antes de ingerir bebida alcoólica. "Ele hipermeabiliza o estômago", diz o médico, complementando que a medida não corta o efeito da bebida, apenas serve como uma maneira de amenizar a agressão aos órgãos internos, diminuindo as chances de problemas futuros de saúde.

Punição

Além de representar um risco para a vida do condutor e de outras pessoas, dirigir bêbado é crime. De acordo com o Código Nacional de Trânsito, de 22 de janeiro de 1998, a multa aplicada é de R$ 957,70. O motorista também ganha sete pontos na carteira de habilitação e o direito de dirigir é suspenso por um período que pode durar de dois meses a um ano, dependendo da situação. Além disso, o veículo é retido até que um condutor habilitado se apresente. Em caso de condenação, o motorista imprudente pode pegar uma pena que varia entre seis meses e três anos de prisão.

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