Bruna Lack, 18 anos, reforça a torcida feminina do Atético. Segundo pesquisa, mulheres determinam maioria rubro-negra| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Ser atleticana

Adolescente, recém-chegada a Curitiba, conhecia futebol apenas por assistir ao cinejornal que antecedia os filmes. Mas, ao final do ano letivo de 1967, ao passar pela Praça Osório, uma intrigante declaração de amor, "Atlético, você não presta mas eu te amo", receberia de mim total e absoluta adesão.

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Devoção coxa

Meus pais se divorciaram quando eu tinha três anos. Eu passava o fim de semana com meu pai, que é médico. No sábado, eu esperava ele operar e no domingo o nosso destino era o Couto Pereira. Criei trauma de sangue e hospital e me apaixonei pelo Coxa.

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O vira-casaca

Eu tenho até foto vestindo a camisa do Atlético. Mas é de quando eu tinha um ano de idade e não respondia pelos meus atos. Seria natural torcer para o Furacão, pois respirava o clube na minha casa por causa do meu pai, o maior artilheiro da história do atleticana, com 154 gols. Mas ele nunca me obrigou a nada.

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Veja que rubro-negro leva pouca vantagem no Atletiba das torcidas curitibanas

Bruna Lack vai a todos os jogos na Arena. Quando pode, acompanha o Furacão no interior e em outros estados. Uma vez por semana, a modelo de 18 anos reúne-se com as amigas, todas atleticanas, para jogar bola na Praça Afonso Botelho, em frente da Arena, e para falar de um dos assuntos preferidos: o Atlético. Paixão como a dela e de outras seguidoras é a responsável pela liderança rubro-negra entre os times da capital.

Se em relação aos homens a preferência entre os dois maiores times do estado é semelhante com 25,96% para o Rubro-Negro e 23,82% para o Coritiba (chegando quase à igualdade considerando a margem de erro de 1% na apuração da capital), o Atlético dispara entre o sexo feminino. As rubro-negras representam 23,4% das mulheres entrevistadas na cidade, contra 19% de coritibanas. As paranistas são 6,9%.

"Torço desde criança. Mas percebo que a torcida feminina tem crescido muito. E não tem essa história de mulher ir ao jogo para ver perna de jogador. As mulheres gostam e entendem de futebol. Você conversa e elas são bem informadas. Acho isso muito legal", conta Bruna.

Influenciada pelo avô, ela revela seguir o time desde os tempos da antiga Baixada. Mas confessa apreciar o conforto proporcionado pela Arena da Baixada, uma das bandeiras do clube para justificar o aumento das famílias no estádio. "Muitos estádios ainda não oferecem estrutura. Aqui o torcedor é bem tratado", garante o presidente rubro-negro Marcos Malucelli.

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Sucesso entre as mulheres e também na periferia. O levantamento esmiuçado das preferências dos torcedores da capital revela a tendência popular do Atlético. O Furacão vence em sete das nove regionais da cidade. A divisão adotada pela prefeitura de Curitiba foi seguida pela Paraná Pesquisas para classificar suas 15.600 entrevistas no município.

A maior concentração vermelha e preta ocorre nas imediações do Joaquim Américo, com 29,5% na região 3 – incluindo Água Verde, Fanny, Fazendinha, Guaíra, Lindóia, Novo Mundo, Parolin, Portão, Santa Quitéria e Vila Izabel. Mas os atleticanos se espalham até os bairros mais distantes do centro.

Os coxas-brancas dominam duas regiões. A regional Matriz vai do Ahú ao São Francisco, passando pelo Alto da Glória, com 28% dos torcedores. A regional Boa Vista se estende do Abranches ao Tingui e possui 27,8% de fãs alviverdes.

A maioria dos torcedores paranistas está na Região 3, que abrange o bairro Guaíra, base da sede social do clube, com 12,2%.