Ricardinho, 35 anos, disse que seria mais útil fora de campo ao Tricolor| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Análise

Ricardinho tenta recuperar o paranismo

O Paraná apostou em Ricardinho e vice-versa. O retorno de um dos maiores ídolos da história do clube ocorreu de uma maneira que poucos previam. O ex-camisa 10 está chegando ao Tricolor com a responsabilidade de transformar um dos anos mais difíceis na Vila Capanema em uma retomada do "paranismo".

A confiança e a credibilidade que adquiriu como jogador hábil de meio-campo serão transferidas, ao menos inicialmente, no combustível que o novato treinador precisará para recolocar a casa em ordem.

Para isso, Ricardinho terá tempo. Com o primeiro jogo da temporada marcado apenas para 7 de março (contra a Luverdense, pela Copa do Brasil), ele goza de dois meses inteiros para pôr em prática o planejamento, que, em conjunto com a diretoria, esboça desde o início do ano.

No primeiro contato com a torcida na nova função, o comandante paranista deixou claro que será o mesmo Ricardinho de sempre. Com respostas articuladas e sinceras, ele não fugiu de nenhuma dividida na entrevista coletiva de ontem.

Com convicção, demonstrou que terá pulso firme para aguentar a pressão. Vai precisar, pois certamente sofrerá muito nos seus primeiros passos como técnico.

Cícero Bittencourt, repórter.

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Aproximadamente cem tricolores foram à sede social do Paraná para recepcionar o ídolo dos anos 90 e novo treinador do clube
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Com uma expressão séria, frases afirmativas e sem fraquejar na emoção, Ricardinho, aos 35 anos, estreou ontem como treinador de futebol. Durante 45 minutos de en­­trevista, o ex-jogador se dirigiu prioritariamente à torcida. Evitou falar de tática, reforços e planejamento. Preferiu se colocar como exemplo de carinho ao Paraná.

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"Estou aqui, encerrei minha car­­reira para dar uma contribuição. E quero que você, que está longe do clube, volte. Preciso disso...", disse. No ano passado, por exemplo, o Tricolor levou apenas 3.717 pessoas por média aos jogos da Série B.

"Torcedor, volte para a Vila. Tor­­cedor-empresário, que participou do clube, volte a apoiar. An­­ti­­gos torcedores, que há oito, dez anos não vão à Vila, voltem", conclamou.

"Você torcedor, que também está há muito tempo longe do clube, volte como eu estou voltando. Se eu acredito no que está sendo feito, eu quero que você acredite também", seguiu. São hoje 3.700 associados adimplentes com direito a ingressos. A diretoria promete lançar novos pacotes, explorando a figura do ídolo.

Antes de encerrar o discurso inicial, Ricardinho foi ainda mais incisivo. "Nós não temos nenhum reforço ainda presidente [Rubens Bohlen]? Temos sim. A torcida já vai reforçar o time. Quer apostar?", intimou, para rápida resposta do di­­rigente. "Com certeza."

Aproximadamente 100 para­­nis­­tas o aguardavam do lado de fo­­ra da sede social. Após as primeiras palavras, o técnico se dirigiu aos fãs para reforçar o apelo. Ouviu gritos em coro de incentivo e ovação de aplausos. Por fim, distribuiu autógrafos e tirou fotos.

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Em outro importante momento da entrevista, Ricardinho afirmou que decidiu pendurar as chuteiras e assumir o banco de reservas pela autonomia que terá no projeto de reestruturação do de­­par­­tamento de futebol.

Das categorias de base ao time profissional, ele irá supervisionar todos os detalhes do planejamento da equipe, com a garantia contratual de uma temporada. "Dentro de campo eu seria apenas mais um. Fora, eu posso estruturar a equipe do jeito que eu acho me­­lhor. E se para tomar essa decisão eu tinha de encerrar a minha carreira, saio realizado e feliz por estar aqui", explicou.

Ele ainda garantiu que o Paraná voltará a ser um time forte. "Vamos entrar, a partir de agora, para ga­­nhar e não só participar. Temos de resgatar nossa credibilidade em to­­dos os sentidos. Os meus jogadores te­­rão esse espírito", cravou.

Apesar de oficialmente apre­sen­tado, as primeiras orientações de Ricardinho como técnico do Pa­­ra­­ná ficarão restritas ao grupo de jogadores. Os treinamentos da equi­­pe nesta pré-temporada seguirão fechados. A única informação que se tem sobre os trabalhos é que o técnico está analisando cada um dos 26 atletas que fazem parte do elenco tricolor.

Apesar de estreante no cargo, ele descartou a inexperiência co­­mo fator negativo no seu início de carreira como treinador. "O mais importante é estar praticando e foi isso que eu fiz. Além de exercer minha profissão, eu procurei me espelhar e aprender com cada profissional que eu atuei para que eu pudesse tirar aquilo que eu imaginava ser o melhor de ca­­da um".

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