O empate com o Fluminense em 1 a 1 na última rodada do Campeonato Brasileiro foi a síntese do que o Coritiba mostrou o ano todo. Cheio de altos e baixos, o time não conseguiu ser nem sombra do time que se esperava.
Era ano recheado de expectativa. Comemorar 100 anos é uma honra que poucos times no Brasil já tiveram e o "vovô" do Paraná projetava glórias, títulos e festas capazes de representar um momento único na vida de cada torcedor.
Dois anos depois da volta triunfal, após duas temporadas na Série B, o Coxa sonhava com o título do Paranaense e, porque não, um inédita conquista internacional (Copa Sul-Americana) ou mais um nacional, como a Copa do Brasil, por exemplo.
Só que já no Estadual as coisas não correram como planejado. Gozando de um benefício inédito de mandar as sete partidas da fase final em casa, o rival Atlético conseguiu se superar e ficou com o caneco do Estadual. O início promissor na Copa do Brasil dava a impressão de que o ano poderia ser glorioso para o Verdão.
Pelo segundo ano seguido, o Coritiba estreou contra o Palmeiras. Pela segunda vez seguida o Coxa começou o Brasileirão com o pé esquerdo. A derrota na 1ª rodada teve gosto ainda mais amargo para o time paranaense, afinal o gol que garantiu o triunfo dos paulistas foi marcado por Keirrison, artilheiro do Brasileirão de 2008 pelo próprio Coritiba. Ainda dividindo atenções com a Copa do Brasil naquele momento o time havia acabado de iniciar a disputa das quartas de final, contra a Ponte Preta o Brasileirão acabou ficando em segundo plano.
Uma das sensações da Copa do Brasil (foi à semifinal do torneio, encarou o Internacional e ficou de fora da decisão por um gol, afinal havia perdido por 3 a 1 no Beira-Rio, mas venceu em casa por 1 a 0. Neste jogo nasceu o Green Hell, festa de fogos e luzes da torcida para recepcionar o time no começod a partida), o Coritiba era um fracasso retumbante no Brasileirão. Em cinco jogos, somou apenas um ponto. A pressão sobre o técnico René Simões aumentava a cada jogo e o clube corria o risco de trocar de treinador mais uma vez na temporada (Ivo Wortmann havia sido demitido ainda no Paranaense).
A primeira vitória no campeonato veio em grande estilo. Quando nos bastidores a diretoria se preparava para formar um grupo que fiscalizaria o trabalho do departamento de futebol e o risco de demissão do treinador crescia, o time emplacou uma acachapante goleada sobre o Flamengo por 5 a 0 (a maior de todo o campeonato), no time que se sagraria campeão da temporada. O resultado mascarou problemas, iludiu alguns torcedores e deu sobrevida ao técnico René Simões.
Nos jogos seguintes o time conseguiu resultados expressivos. Venceu as fortes equipes do São Paulo e do Grêmio em casa, além de bater o Vitória fora (um dos dois resultados positivos do time longe do Couto Pereira em todo o campeonato). Após um 0 a 0 no clássico Atletiba, o time emendou uma queda livre de maus resultados que culminaram na derrota em casa para O Cruzeiro por 3 a 1, causando a demissão do técnico René Simões, até então ídolo da torcida. Naquele momento, o Coxa estava afundado na vice-lanterna da competição.
Sonho antigo da diretoria, Ney Franco foi contratado para salvar o time de um vexatório rebaixamento para a Série B em pleno ano de comemoração pelo centenário do clube. Após uma derrota, dessa vez contra o Vitória pela Copa Sul-Americana, o Coxa conseguiu um resultado excelente contra o Fluminense, rival deste domingo, por 3 a 1, em pleno Maracanã. Aquele fecho de turno deu a impressão de que o time paranaense emplacaria uma crescente no campeonato. Ledo engano.
Embora tenha conquistado resultados interessantes, como as vitórias sobre o Palmeiras e o Internacional em casa, a inconstância do time fez com que ele estagnasse na 15ª colocação e lá permanecesse por longas rodadas. A derrota para o Barueri, em pleno estádio Couto Pereira, na partida que marcava a comemoração dos 100 anos de existência do clube, aumentou o clima de tensão nos bastidores. Tensão dissipada pouco depois, precisamente na 31ª rodada. A vitória sobre o maior rival por 3 a 2, no último minuto, no clássico Atletiba, deu novo ânimo ao grupo. Ao ultrapassar o co-irmão, o time via uma vaga na Sul-Americana como nova meta. O próprio treinador afirmou isso em diversas vezes, tentando tirar o foco do risco de rebaixamento.
A vitória convincente sobre o então candidato ao título Atlético Mineiro parecia consolidar o time Coxa no grupo que brigava por um "algo a mais" na temporada. Mas uma nova série de resultados "inesperados", personificados das duas goleadas seguidas (4 a 0 para o Santos e 4 a 1 para o Cruzeiro), ambos fora de casa, jogaram a equipe na porta da zona do rebaixamento. Escapar da degola ainda dependia apenas das próprias forças alviverdes.
A festa do centenário foi marcada por momentos de emoção, com o baile de gala e o amistoso das origens. Mas também por micos, como o show do centenário, anunciado até nas camisas de jogo, mas que por problemas de organização e baixo interesse dos torcedores nas atrações anunciadas, fracassou e foi cancelado.
Na grande "decisão" contra o Fluminense, o sonho acabou. O empate em 1 a 1 sacramentou o rebaixamento da equipe para a segunda divisão. O impensado aconteceu. No ano mais importante da sua história, o Coxa foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. A torcida, que se mostrou tantas vezes inventiva e uma das mais vibrantes, perdeu a razão. Protaginizou cenas lamentáveis e esquecíveis.
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