Um gol antes dos 30 segundos teria algo a significar. Novos tempos, nova fase, para quem, ainda na semana passada, perdia um jogador, expulso, antes dos 5 minutos. E depois, no embalo, a partida.
Certo que foi contra o pior time do campeonato, mas a vitória fora de casa deve ser comemorada pelo Coritiba. Pelos três pontos, pela melhor posição na tabela e principalmente pela tranquilidade exibida em campo, mesmo quando o Atlético-GO empatou, ainda no primeiro tempo.
E daí veio um novo fator, o do artilheiro. Em seu segundo jogo no clube, Deivid marcou o gol da vitória e perdeu outro incrível como só ele mesmo é capaz de perder. Mas, desde que marque, que mal tem?
Vencer fora de casa é sempre bom sinal. Sinal de novos tempos?
Bode expiatório
Desancaram à vontade o técnico Mano Menezes. Primeiro, na vitória apertada da seleção brasileira sobre a da África do Sul, pela dificuldade demonstrada em campo para superar um adversário bem inferior. Depois, desancaram mais uma vez pela vitória sobre a China, pela facilidade como chegou o time ao dilatado marcador de 8 a 0. É que aí o adversário não era de nada e não pôde ser considerado parâmetro na medição de rendimento de um selecionado de porte como o nosso.
E cada vez que se avolumam as críticas contra o treinador, lembro-se da passagem de Carlos Alberto Silva pelo comando da seleção. E de uma conversa que tive com ele no saguão do hotel de Helsinque, na Finlândia, na véspera do amistoso contra os anfitriões. Foi em 1987, tanto quanto agora com uma guinada geral no rol dos convocados. Poucos restaram da Copa do ano anterior e Silva substituíra Telê Santana, com a garantia de lastro para o trabalho de renovação que deveria dar frutos a médio prazo.
"Médio prazo a gente põe no papel, mas duas ou três derrotas quebram tudo" foi o que me disse, mesmo na fase boa pela qual o escrete vinha passando (venceria o jogo por 3 a 2, com gols dos novatos Romário e Muller e de Valdo, reserva no Mundial anterior). Os nomes de então eram novos, mas as cobranças as de sempre. Eram debutantes, além dos já citados, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Dunga, Raí, Bebeto, Taffarel e uma geração que, anos depois, estava toda no alto do pódio da conquista do quarto título mundial.
Tamanha foi a pressão advinda dos apressados e ansiosos que Carlos Alberto Silva não durou pouco mais de um ano no cargo (mesmo tendo sido campeão pan-americano em Indianápolis). Mas deixou um legado, a base do sucesso de anos depois.
Sem qualquer comparação com Mano Menezes e a situação atual. Mas que é de se pensar, isso lá é. Não é?