A permanência do Coritiba na Série B por pelo menos mais uma temporada, consolidada na rodada de ontem, é resultado de uma sucessão de erros iniciada ainda em dezembro do ano passado, quando Giovani Gionédis foi reeleito com apenas um voto de vantagem sobre Tico Fontoura. Nestes 11 meses, a torcida coxa-branca viu a eleição ser contestada na Justiça, brigas ininterruptas pelo poder, entra-e-sai de jogadores, reforços que nem chegaram a estrear, revelações batendo cartão no departamento médico, pontos perdidos de maneira impensável e uma inacreditável troca de socos e pontapés entre "organizados" e jogadores.
Um roteiro que só poderia culminar no fracasso coxa-branca, e que é relembrado nestas duas páginas pela Gazeta do Povo. Um exemplo perfeito de como não reconduzir um clube grande à Primeira Divisão.
Diretoria e torcida
A batucada da Império Alviverde nos dias seguintes ao rebaixamento à Série B pedindo a permanência de Giovani Gionédis no comando do clube deu bem a medida de como seria relação entre a diretoria e a principal organizada do clube. De uma maneira jamais vista anteriormente no Alto da Glória, a Império teve poder de opinar e influir nos rumos do Coritiba.
Várias vezes a cúpula da facção reuniu-se com a diretoria e a comissão técnica alviverde. Seja para pedir mudanças no time, a saída de atletas ou até mesmo a permanência de alguns caso de Jéfferson, que não foi dispensado graças à intervenção da Império.
A relação excessivamente próxima culminou na troca de socos e pontapés entre membros da organizada e jogadores, no Aeroporto Afonso Pena, na chegada da delegação após a derrota por 2 a 0 para o Ceará, em setembro.
Briga política
Até hoje contestada por parte dos conselheiros, a apertada vitória por um voto de diferença nas eleições de 2005 não permitiu a Giovani Gionédis ter um minuto de sossego no comando do clube. No momento em que a oposição pareceu se conformar com o resultado das urnas, foi a vez do ex-presidente e um dos diretores da chapa de Gionédis, Evangelino da Costa Neves, reaparecer. O Chinês primeiro alegou que não havia assinado o documento que permitiu aos nove integrantes da antiga Diretoria Executiva votar no pleito. Logo em seguida Neves voltou atrás, ratificando em cartório a antiga denúncia. Por fim, em entrevista à Gazeta do Povo, o ex-dirigente afirmou não saber o que realmente assinou. A denúncia resultou em um processo de impeachment do dirigente, ainda em andamento.
Lesões
O Coritiba sofreu como poucos com lesões neste ano. Sempre que algum jogador surgia como solução para os problemas técnico do time, logo era vetado pelo departamento médico. Foi assim com o garoto Keirrison, com Vinícius, Artur, Anderson Gomes, William, Marcelo Batatais, Índio, Henrique, Rodrigo Mancha, Renan...
Departamento de futebol
O ano começou com Almir Zanchi, atual diretor-técnico da Federação Paranaense de Futebol, dando as cartas no futebol coxa-branca. O dirigente, contudo, não resistiu às contratações equivocadas e às eliminações no Paranaense e na Copa do Brasil. Deu lugar ao ex-jogador e ex-radialista Capitão Hidalgo. Identificado com o clube, Hidalgo até começou bem, participando ativamente da montagem do elenco que rendeu ao Coxa o simbólico título de "campeão de inverno". Perdeu crédito ao elogiar a atuação da equipe no empate por 0 a 0 com o São Raimundo, em casa. O time manauara terminou o jogo com nove atletas.
Homem-gol
A maldição da camisa 9 perseguiu o Coritiba por mais uma temporada. Desde o ano passado, 15 matadores passaram pelo Alto da Glória sem justificar a fama: Alberto, Alcimar, Guilherme, Jefferson, Keirrison, Ludemar, Luís Carlos, Marciano, Negreiros, Nunes, Peabiru, Renaldo, Tiago, Vinícius e William. O melhor deles, Keirrison, ainda se recupera de uma séria lesão de ligamento no joelho direito. Sem um homem-gol confiável, o ataque coxa-branca especializou-se em perder gols incríveis.
Técnicos
A oposição queria Levir Culpi. A situação queria Levir Culpi. Questões financeiras, porém, fizeram o Coritiba apostar em Márcio Araújo (52,77% de aproveitamento), Estevam Soares (50%) e Paulo Bonamigo (50,5%). Já Levir levou o Galo à Série A.
Interatividade
Qual foi o maior erro cometido pelo Coritiba em 2006?
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Leia sobre o futuro do Coritiba amanhã, na Gazeta do Povo Esportiva.
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