Seleção avança no ritmo monótono dos chineses
Esqueça batucada, coreografias e gritos de incentivo. Na China, assistir a um jogo de futebol é o equivalente a ir a uma apresentação de ópera no Brasil.
O maior clássico sul-americano irá decidir um finalista dos Jogos Olímpicos de Pequim no futebol masculino. Brasil e Argentina se enfrentam terça-feira, às 10 horas (de Brasília), no Estádio dos Trabalhadores, na capital chinesa. A decisão ocorre no sábado, contra o vencedor de Bélgica x Nigéria, Ninho de Pássaro.
Será o esperado duelo entre os estrelados Ronaldinho e Messi, dois craques que até o fim do primeiro semestre dividiam a atenção da apaixonada torcida do Barcelona. E também de um respeitável time de coadjuvantes: Rafinha, Diego, Lucas e Anderson; Riquelme, Agüero, Mascherano e Laveze.
Para chegar ao esperado confronto, contudo, os dois rivais tiveram de enfrentar duras partidas de 120 minutos. O Brasil despachou Camarões com um 2 a 0 no tempo extra. Já os argentinos, após empate por 1 a 1 com a Holanda nos 90 minutos, chegaram ao segundo gol somente na prorrogação.
"Estamos a um jogo da final. Já dá para sentir o gostinho da medalha de ouro", comentou, confiante, o volante Lucas, o melhor em campo.
A chegada à semifinal dá ainda mais crédito ao técnico Dunga, que tem na Olimpíada a chance de ganhar fôlego no comando da seleção principal. A situação delicada ficou evidente no lance do primeiro gol, com 11 minutos de prorrogação.
Diego recebeu a bola no meio-de-campo, Dunga acompanhou concentrado da área técnica. O armador fez o lançamento para Rafael Sóbis na direita, o olhar angustiado do treinador seguiu junto. O atacante, com categoria, deu um tapa na bola e tirou do alcance do goleiro de Camarões.
Dunga extravasou à frente do banco de reservas. Chutou o chão e socou o ar, repetindo o gesto característico de seus tempos de jogador. Na seqüência, enquanto os atletas comemoravam no gramado, o técnico correu para abraçar calorosamente o amigo Jorginho, auxiliar e braço direito. Quatro minutos depois, Marcelo sacramentou a classificação.
"Temos de jogar contra tudo e contra todos", afirmou ele, repetindo o clichê característico de sua gestão no comando do time canarinho
Dunga dá de ombros para qualquer pergunta relacionada ao seu futuro. Nem parece demonstrar muita preocupação com a apatia da equipe, em vários momentos vaiada pelos chineses, aborrecidos com o excesso de toques improdutivos durante o tempo normal.
"Quem jogar bonito contra a seleção brasileira, também verá um futebol bonito da nossa parte. Caso contrário vai ser difícil. Temos de jogar para ganhar", explicou o gaúcho. "Me surpreendi. Nos outros jogos eles estavam com a gente. Mas não tem problema, comemoramos com os brasileiros mesmo", acrescentou o lateral-esquerdo Marcelo.
A verdade é que o Brasil tem de melhorar se não quiser colecionar mais um fiasco olímpico. Contra o disciplinado, e em alguns momentos violento, Camarões, a seleção acabou beneficiada por ter jogado quase todo o segundo tempo e e a prorrogação com um homem a mais em campo Baning foi expulso.
Falta criatividade à equipe, refém de um pouco inspirado Ronaldinho, visivelmente longe da plenitude técnica que o levou a ser eleito por duas vezes consecutivas o melhor do mundo. "Nunca vamos atingir a perfeição, não tem jeito, mas estamos no caminho certo", opinou Diego, autor intelectual do gol que prorrogou a paz de Dunga.
Com Marina Silva isolada, agenda ambiental de Lula patina antes da COP-30
Paraná e São Paulo lançam alternativas ao Plano Safra para financiamento do agronegócio
De Silveira a presos do 8/1: sete omissões da pasta de Direitos Humanos de Lula
Dino vira peça-chave para o governo em menos de um ano no STF
Deixe sua opinião