Você em Pequim: Mande fotos das suas experiências durante os Jogos Olímpicos
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O desempenho da seleção brasileira feminina de basquete só deve melhorar na próxima Olimpíada, quando a equipe recém-montada que disputa os Jogos de Pequim estiver mais madura e entrosada, afirmou o técnico Paulo Bassul nesta sexta-feira, após a quarta derrota consecutiva de sua equipe no torneio.
Depois de liderar o marcador no primeiro tempo, o Brasil voltou a apresentar deficiências de ataque e defesa na etapa final, abrindo espaço para a Rússia virar o placar, fechando em 74 a 64.
"O jogo de hoje nada mais foi que uma repetição dos outros jogos. A equipe apresenta um basquete de alto nível, mas que se desgasta no final e isso só vai se revolver em quatro anos", disse Bassul.
Segundo o treinador, por ter sediado o Mundial de basquete de 2006 e os Jogos Pan-Americanos em 2007, o Brasil adiou a renovação de uma equipe vencedora formada por jogadoras de alto nível como Janeth, Helen, Alessandra e Cíntia.
"Em todo o lugar é assim. Acaba um ciclo olímpico, se planeja um novo ciclo. Com o Mundial e o Pan, essa renovação foi adiada e só começou no ano passado", disse o treinador.
Para ele, sua equipe chegou a Pequim "com o cobertor curto", sem opções para substituições quando algumas das principais jogadoras se desgasta durante a partida. "Hoje a Kelly jogou mais de 30 minutos contra duas jogadoras (russas) de mais de dois metros. Eu senti o grupo lutar, mas sem armas para lutar", disse Bassul, cujo contrato expira após a Olimpíada. O treinador evitou comentar se continuará no posto, afirmando apenas que se depender dele, ele fica.
O Brasil chegou à Olimpíada depois de eliminar Cuba do Pré-Olímpico e de vencer a Espanha em Madri, lembrou Bassul. Mas semanas antes da Olimpíada começar, uma série de problemas físicos impactou algumas de suas principais jogadoras.
Érika sofreu fratura por estresse e ficou fora do time, Micaela sofreu estiramento muscular que a deixou sem ritmo de jogo e Adrianinha contraiu pneumonia e ficou duas semanas ausente da equipe. "Se a Érika estivesse aqui, teríamos uns 15 pontos a mais em cada partida", disse Bassul. "A gente chegou (para a competição) sem direito a nenhum erro, margem de manobra, e isso não se sustenta."
DINHEIRO
O treinador afirmou que o basquete brasileiro, que não conseguiu classificar o time masculino para os Jogos de Pequim, terá um futuro melhor nos próximos anos, mas que isso depende de ações práticas.
Para ele, a lei Piva de incentivo fiscal resgatou confederações esportivas, mas o dinheiro também precisa chegar aos clubes. "Chegando dinheiro nos clubes as jogadoras voltam no dia seguinte", disse Bassul sobre uma série de nomes de sua equipe que atuam no exterior e enfrentam dificuldade de entrosamento na seleção.
Segundo ele, na Europa, as jogadoras do Brasil ganham até quatro vezes mais que no Brasil. "Todas elas falam que querem voltar, algumas até dizem que voltariam ganhando um pouco menos do que ganham hoje."
A pivô Êga, por exemplo, disse que "seria uma empregada doméstica ou caixa de supermercado" se não fosse o basquete e a carreira internacional que decidiu levar atuando na Espanha.
Por agora, Bassul afirmou que está planejando montar um grupo de jogadoras para treinar na Europa e que pode aproveitar parte de seu time nessa reformulação da seleção.
"Quero pegar jogadoras que tenham a cara e o pedigree de uma seleção brasileira. Vocês vão se surpreender com a idade porque vai ser entre 16 e 26 anos", disse o treinador, sem dar mais detalhes. A futura equipe brasileira, segundo Bassul, deve viajar para a Europa no início de janeiro.