A seleção feminina de basquete do Brasilperdeu a quarta partida consecutiva na Olimpíada para a Rússia, nesta sexta-feira, e praticamente deu adeus aos Jogos de Pequim. A equipe virou o primeiro tempo na frente, mas deixou a seleção européia vencer por 74 a 64, por culpa da falta de entrosamento, segundo o treinador.
"Agora não tem chance, a gente tinha que ganhar e torcer para a Coréia", disse a pivô Êga, emocionada, já decretando a eliminação brasileira na primeira fase.
O Brasil, que já dependia da vitória contra a Rússia, precisa agora torcer por vitória da Coréia do Sul contra Belarus, ainda nesta sexta-feira, e depois vencer a própria seleção de Belarus na última rodada.
A equipe, medalha de prata em Atlanta-1996 e bronze emSydney-2000, dificilmente conseguirá passar para as quartas-de-final.
"É difícil explicar, acho que com certeza a comissão técnica e talvez a confederação talvez precise rever nosso treinamento", disse a armadora Adrianinha, melhor jogadora do Brasil em quadra.
"A gente tem a força, mas peca nos detalhes. A gente tem um time bom, talvez esteja faltando mais preparação, mais jogos internacionais. Qualidade a gente mostrou que tem, está faltando manter isso constante nos 40 minutos do jogo", acrescentou
O técnico Paulo Bassul afirmou que não ficou decepcionado com o resultado diante de apenas um ano de preparação, aposentadoria de jogadoras importantes como Janeth, Hellen e Alessandra, e uma série de problemas que afetaram destaques do Brasil às vésperas da Olimpíada, como Érika (fratura por estresse), Micaela (estiramento muscular), Adrianinha (duas semanas de pneumonia) e Iziane (cortada por indisciplina).
"A gente tem o cobertor curto, se você tira alguém do time para descansar a equipe não rende igual. O grupo estava lutando, mas sem armas para lutar", afirmou Bassul após o jogo.
Vinda de três derrotas consecutivas, para Coréia do Sul, Austrália e Letônia, o time de Bassul começou na frente no marcador, com boas jogadas de Adrianinha. A equipe russa, vinda de três vitórias contra Belarus, Coréia do Sul e Letônia, errava muitos passes, abrindo chances ao Brasil.
Com 21 a 18 para o Brasil, depois de uma roubada de bola de Micaela que resultou em conversão de bandeja, o técnico russo, Igor Grudin, pediu tempo E o time pareceu se organizar no ataque, mas o Brasil jogava melhor, com Karen fazendo cesta de três pontos da zona morta.
Adrianinha era caçada pela armadora norte-americana naturalizada russa Rebekka Hammon, mas a brasileira deu show de habilidade ao transpor as grandalhonas da Rússia para fazer bandejas. Claudinha apoiava em tiros de três pontos certeiros.
Mas apesar do Brasil jogar melhor, com mais roubadas de bola e cestas de três, a vantagem brasileira era ameaçada pelos muitos rebotes do time russo, tanto na defesa como no ataque. No final do segundo quarto o placar era 41 a 34 para o Brasil.
DO VINHO PARA ÁGUA
O terceiro quarto começou com a Rússia acertando dois tiros de três seguidos, e Kelly no garrafão russo fortemente marcada. Adrianinha comandava ataques rápidos, mas a pontaria brasileira piorou.
Com o Brasil cometendo muitos erros no ataque, a Rússia empatou em 45 a 45. A solução encontrada por Bassul foi a entrada de Karla, que acertou um tiro de três logo em seguida. A jogadora trouxe velocidade para o time e, em dobradinha com Adrianinha, as cestas do Brasil voltaram a cair.
Faltando segundos para o fim do terceiro período, Marina Karpunina acertou uma cesta de três, que foi respondida no estourar do cronômetro com uma cesta sensacional de muito longe de Adrianinha. Brasil 56 a 54 Rússia.
Mas no último quarto a história dos últimos jogos do Brasil na Olimpíada se repetiu, com o adversário tomando a dianteira no marcador. A Rússia virou para 61 a 60 e abriu caminho para a vitória, aproveitando o apagão do Brasil no ataque.