Com 11 ouros, Phelps superou Carl Lewis, Mark Spitz, Paavo Nurmi e Larissa Latynina como maior medalhista de ouro| Foto: Jerry Lampen / Reuters

Você em Pequim: Mande fotos das suas experiências durante os Jogos Olímpicos

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Michael Phelps tinha só 11 anos quando seu técnico Bob Bowman chamou os pais do nadador para uma conversa séria sobre o futuro do filho. O treinador disse que o garoto poderia ser campeão olímpico, se simplesmente se aplicasse.

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Mesmo ainda tão novo, estava claro que Phelps, que na quarta-feira tornou-se o primeiro atleta olímpico a ganhar 11 medalhas de ouro, já estava predestinado a grandes sucessos.

"Era principalmente seu talento físico e competitividade que se faziam notar", disse Bowman à Reuters, lembrando o que tinha lhe chamado atenção.

Olhando para ele hoje, Bowman acredita que Phelps conseguiu se colocar além dos grandes e se tornar um atleta absolutamente ímpar graças à sua força mental.

"Uma série de coisas fizeram de Phelps o nadador que ele é hoje, mas acredito que ele deva isso principalmente à parte psicológica. Ele consegue relaxar e focar no que está fazendo sob pressão. Na verdade, esse tipo de condição faz com que ele renda ainda mais", disse Bowman. "Isso é muito raro."

Na verdade, são várias as coisas raras sobre Phelps que se combinaram para produzir o maior nadador de todos os tempos.

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Olhando-o de perto, quando ele sai pingando da piscina, o físico é o que salta aos olhos.

Ele tem o "recorte" de um super-herói de quadrinhos, com ombros muito largos e um torso imenso, se afinando para quadris estreitos e impensáveis pernas curtas - uma combinação que é providencial para ter o mínimo de resistência sob a linha da água.

BRACOS OU REMOS?

Ao contrário da maioria das pessoas, ele também tem um alcance extraordinário por conta dos longos braços, com envergadura cerca de 7,6 centímetros maior que sua altura. Isso efetivamente significa que ele tem "remos extralongos" para impulsionar um corpo mais curto através da água.

Perfeitamente feito para a piscina, ele parece menos afeito à terra firme, tropeçando de vez em quando e trombando nas coisas. No ano passado, ele até quebrou o pulso tentando aparar uma queda, um susto quanto a colocar sua aventura olímpica em risco.

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"Ele sempre foi desajeitado", disse a mãe, Debbie, a repórteres em Pequim, nesta semana.

Mais seguro enfiado na água, é um outro "animal", cortando a piscina graciosamente, como um mamífero-anfíbio.

Esse dom é claramente percebido em sua assinatura sob a água, nas viradas, onde ele tende a ir mais fundo em direção à parede do que outros nadadores, "imitando" um impulso de golfinho e ganhando o forte impulso de volta para a superfície - e frequentemente deixando o resto do "cardume" no seu rastro.

"Phelps tem usado isso como arma, por ora", disse à Reuters no Cubo D'Água, na semana passada, Russell Mark, coordenador de biomecânica da Federação Norte-Americana de Natação.

"A lógica diria que ele não deveria ir tão para baixo, mas ele deixa os outros para trás nessa última virada. Por enquanto, ainda não temos nenhuma explicação científica sobre a efetividade dessa trajetória."

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MANTENDO A FORÇA

A afinidade com a água e seu corpo enorme é óbvia, se você olhar o número de provas em ele que entra.

Enquanto muitos nadadores tendem a se especializar em uma ou duas provas, Phelps está inscrito em oito em Pequim, incluindo os 400m e 200m medley, 200m livre, e os 100m e 200m borboleta.

Em Pequim, se ele fizer todas as finais programadas, terá somado 17 provas em apenas nove dias contra os melhores do mundo, um trabalho extraordinariamente pesado que poucos, se mais alguém, poderia enfrentar.

Essa assombrosa capacidade de resistência sem dúvida vem de incessantes, obsessivos treinamentos.

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Em sua autobiografia de 2004, "Sob a Superfície", Phelps revela como faz 75 quilômetros em média na semana, em treinamento, e provavelmente não tirou mais que quatro dias de folga nos quatro anos antes da Olimpíada de Atenas em 2004, nenhum em feriados.

"Às vezes, quando estou dormindo, eu literalmente sonho com minha prova da largada à chegada", ele escreveu. "Outras noites ... visualizo o ponto exato que quero fazer: mergulho, transição, braçada, batida de mão, para bater o tempo em um centésimo, e então volto quantas vezes eu precisar para terminar a prova."

A mãe acredita que seja obstinação somada à habilidade feroz de focar na prova que levou Phelps à galeria dos maiores da história olímpica.

"Certamente não é a comida da mamãe", ela disse à Reuters. "Se alguém perguntar: o que tem para jantar?, vou responder: que restaurante você gostaria de ir? Cozinhar não é comigo..."