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A esmagadora vitória da Argentina por 3 x 0 sobre o Brasil na semifinal olímpica foi outra demonstração de como os dois grandes rivais do futebol trocaram de papel nos últimos anos.
A Argentina, sempre associada com defesa pragmática, adotou um jogo estiloso, de passes, enquanto o Brasil trocou sua antiga arte pela força e os contra-ataques.
Apesar de o torneio olímpico ser disputado com jogadores sub-23 (à exceção de três acima dessa idade, por país), a semifinal de terça-feira mostrou os times como reflexo de suas antigas imagens.
A Argentina, inspirada pela dupla de atacantes Sergio Aguero e Lionel Messi, providenciou o lado artístico; o Brasil, comandado pelo técnico Dunga, usou táticas de marcação dura, que resultou em cartões vermelhos para os meio-campistas Lucas e Thiago Neves nos últimos dez minutos.
"Nós ganhamos do jeito que a gente gosta de ganhar. Acreditamos no nosso estilo de jogo e ganhamos merecidamente", disse Riquelme, um dos jogadores acima de 23 anos.
O técnico argentino, Sergio Batista, disse que seu time aprendeu duras lições da Copa América do ano passado, na Venezuela, quando o estilo do Brasil prevaleceu na final.
Naquela ocasião, a Argentina chegou à final como favorita, depois de trilhar seu caminho com cinco vitórias consecutivas com futebol fluente. Mas caiu numa armadilha.
O Brasil conseguiu um gol logo no início, conseguiu anular Riquelme e Messi, pegou os argentinos no contra-ataque e definiu um enfático 3 x 0.
"Aprendemos a lição de que, contra o Brasil, temos de esperar por eles e não sair direto para o ataque", disse Batista, que está no comando apenas do time olímpico.
"Sabemos que o Brasil iria esperar pela gente e que teríamos de ter paciência, e não partir correndo para o ataque, contra eles. Fizemos um grande jogo, em todos os sentidos e em cada parte do gramado."
A despeito das limitações do torneio olímpico e da falta de interesse da Europa, os argentinos sentiram que a vitória na terça-feira ajudou a apagar uma série de maus resultados diante do Brasil.
Antes da final da Copa América, a Argentina também tinha perdido - com a seleção principal - dois jogos por diferença de três gols.
Na enquete online realizada pelo jornal El Clarín, 63% dos leitores concordaram que a vitória de terça foi o melhor jogo que seu time nacional apresentou nos últimos dez anos.
Riquelme disse que a vitória olímpica "bateu" a última vitória de seu país sobre o Brasil em 2005, pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Alemanha.
"Foi uma vitória incrível também, quando marcamos três gols no primeiro tempo, mas esta foi especial porque agora estamos na final olímpica", disse. "Espero que tenhamos deixado nosso país contente."