Aos 33 anos, alemã é prata no salto
A medalha de prata da ginasta alemã Oksana Chusovitina no salto foi uma das maiores emoções de ontem nos Jogos Olímpicos de Pequim. Aos 33 anos, a atleta começou a competir em 1989 quando a brasileira Jade Barbosa nem havia nascido e continua no esporte para continuar recebendo o pagamento da Toyota, sua patrocinadora, e com isso custear o tratamento de seu filho, Alisher, de 7 anos, portador de leucemia.
Pequim - A ginástica artística brasileira tombou em Pequim. Literalmente. Erros grosseiros de Diego Hypólito, Daiane dos Santos (ambos no solo) e Jade Barbosa (salto) destruíram o sonho da primeira medalha olímpica da modalidade.
Às três falhas nas finais de ontem somam-se os escorregões da própria Jade e de Ana Cláudia Silva no individual geral e de praticamente todo o conjunto na decisão por equipes.
Nunca o país chegou tão perto do pódio como agora, por isso a decepção. Apesar da melhor campanha da história, exaltada por todas as ginastas e pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), o time deixa a China sem nenhuma premiação.
"Saímos do Brasil com a expectativa de conquistar ao menos uma medalha. Estou frustrada sim", afirmou Eliane Martins, coordenadora técnica da CBG e chefe da equipe nos Jogos.
A seqüência de tropeços da noite (manhã no Brasil) no Estádio Nacional Indoor foi aberta oficialmente por Diego Hypólito. É aquele velho clichê de que não se pode cantar vitória antes da hora. O ginasta vinha desenvolvendo uma série limpa, beirando a perfeição. De tão satisfeito com o próprio desempenho, Diego se permitiu rir durante a execução dos primeiros movimentos.
Porém, uma abertura de pernas errada, segundo o treinador do atleta, Renato Araújo, resultou no tombo justamente no último passo da apresentação. Desconto de preciosos oito décimos, que seriam capazes de levá-lo a ficar no mínimo com a prata.
"Eu perdi, eu perdi", disse, ao deixar o tablado chorando, caminhando em direção ao técnico. "Não acredito, não acredito", lamentou, já sentado, com as mãos na cabeça. "Agora vão falar que ele é amarelão e nós temos de agüentar", comentou Araújo. Diego fechou a sua estréia em Olimpíadas na sexta colocação.
Poucos minutos depois foi a vez de Jade, a principal aposta do time feminino, cair, repetindo o que já havia acontecido na final anterior (individual geral). A ginasta carioca ficou duas vezes de joelho ao fim de sua performance no salto. Culpa de um nervosismo exagerado, estampado no rosto da garota de 17 anos mesmo antes de a competição começar.
"Graças a Deus acabou", disse, abrindo a conversa com os jornalistas após o modesto e inesperado sétimo lugar.
Para fechar o triste domingo da ginástica, Daiane dos Santos repetiu Atenas-04. Desta vez, contudo, ao invés dos passos para frente, a gaúcha deixou o tablado saltando para trás em dois movimentos. Força demais, precisão de menos de quem se despede dos Jogos Olímpicos amargando uma sexta posição, desempenho inferior ao obtido na Grécia, quando terminou em quinto. "Poderia ter sido melhor? Poderia. Mas saio daqui contente pelo que a ginástica brasileira fez", afirmou a Pérola Negra, a mais experiente do grupo, com 25 anos.
Futuro incerto
Pequim coloca um ponto final melancólico no capítulo mais vitorioso da ginástica no país, com a conquista de três títulos mundiais (dois de Diego e um de Daiane). O término da competição decreta ainda um "fechamento para balanço" na modalidade. Reestruturação à vista. Na CBG, Vicélia Florenzano deixa a presidência carregando a fiel escudeira Eliane Martins. Técnico responsável por impulsionar o esporte no país, o ucraniano Oleg Ostapenko segue com o futuro indefinido.
A única certeza é que a seleção permanente deixará de existir. As ginastas voltam a Curitiba apenas para arrumar as mudanças. Cada uma segue seu rumo separadamente, em seus clubes.
"Não sei o que será do futuro. É um grande ponto de interrogação", resumiu Daiane, dando a exata sensação do clima de fim de feira.
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