Chega de quase
Nunca o Brasil chegou tão longe no vôlei feminino como na Olimpíada de Pequim. Três seleções talentosas falharam nas semifinais, sem chegar à disputa do ouro.
Atlanta-96 Imbatíveis no juvenil, Ana Moser, Ana Flávia, Fernanda Venturini e Márcia Fu formavam a base da seleção brasileira de Bernardinho. Após uma campanha impecável, o Brasil enfrenta
Cuba na semifinal. Em um jogo tenso, a equipe de Miréia Luís, Regla Torres e Regla Bell vence a partida que termina com bate-boca na rede e briga nos vestiários. Ganha o bronze.
Sydney-2000 Em fase de transição, com remanescentes de Atlanta e caras novas como Walewska e Érika, mais uma vez o time brasileiro enfrenta Cuba na semifinal. E mais uma vez é derrotado. O bronze marca a despedida de Bernardinho do time feminino.
Atenas-2004 A mais dolorosa derrota do vôlei feminino brasileiro. Com 2 sets a 1 e cinco match points a seu favor, a equipe já treinada por José Roberto Guimarães permite a virada russa. Desmotivado, o time perde a disputa do bronze.
Além do técnico Zé Roberto Guimarães, a conquista da inédita medalha de ouro serviria para consolidar a recuperação de três jogadoras: a oposto Mari e as pontas Paula Pequeno e Jaqueline.
Castigada pela cobrança após a derrota para a Rússia, em Atenas, Mari chegou a deixar a seleção depois dos Jogos Pan-Americanos. Voltou somente no início deste ano, trocando a posição de ponta pela de oposto. "Não existe redenção ou cala-boca, já passou. Temos de olhar para frente, o que aconteceu no passado ficou para trás", disse ela, eleita informalmente a grande culpada pelo revés de quatro anos atrás.
Assim como a "Mulher de Gelo", apelido pejorativo que ganhou após os Jogos da Grécia, Paula Pequeno e Jaqueline também têm motivos extras para vibrar com um possível título. Paula ficou de fora de Atenas por causa de uma lesão no joelho sofrida no começo de 2004. Já a provação de Jaqueline tem a ver com vaidade. Um chá emagrecedor, anti-celulite, usado sem a autorização dos médicos, tirou a atacante do Pan-07 por doping.
A Olimpíada de Pequim pode servir ainda como a coroação da carreira da levantadora Fofão, de 38 anos, desde 1991 na seleção. A jogadora anunciou que, independentemente do resultado, deixa a equipe após a Olimpíada. "Eu tive paciência e tranqüilidade para chegar neste momento", resumiu ela, que levou um grande susto pouco antes da Olimpíada. Uma pancada no joelho durante amistoso com o Japão quase a tirou dos Jogos. (CEV)