Rafael Silva passou a ser conhecido como “Baby” por causa da usual tranquilidade. E o perfil calmo foi fundamental para ele conquistar, nesta sexta-feira (12), a segunda medalha olímpica de bronze da carreira. O judoca peso-pesado precisou de muita paciência para superar seguidas lesões e voltar a competir em alto nível na Rio-2016.
O lutador ficou fora de ação por quase sete meses no ano passado, justamente na parte final do ciclo olímpico. Ele precisou passar por uma cirurgia no músculo peitoral. Nascido em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, Baby se considera paranaense. Foi para Rolândia logo com dois meses e viveu lá até os 17 anos. As visitas ao Norte do estado fizeram parte da ‘terapia emocional’ ao longo do difícil período.
O brasileiro, que foi desfalque no Pan e no Mundial de 2015, voltou aos tatames no fim de janeiro. Lutou várias competições sem estar 100%, mas se garantiu na Olimpíada. Ainda sofreu um susto recentemente ao ter um estiramento na coxa direita, mas mostrou que conseguiu se recuperar totalmente.
Ele venceu quatro de suas cinco lutas na Olimpíada. Perdeu apenas nas quartas de final para o medalhista de ouro – o francês Teddy Riner. “É uma experiência diferente da medalha que ganhei em Londres. Tiver que voltar de uma lesão e ganhar confiança de novo, competição a competição. Então tem esse gostinho a mais. Essa medalha coroa todo o trabalho que foi feito”, disse.
Baby se tornou o quinto judoca do país a subir ao pódio duas vezes em Jogos Olímpicos. “Está caindo a ficha ainda. Tenho que agradecer muito os torcedores que influenciaram bastante. Lutar em casa é diferente”, elogiou.
Decepção
Mas Rafael foi um dos poucos que deu alegria ao público brasileiro no judô. A modalidade, classificada como carro-chefe da delegação nacional ao lado do vôlei, decepcionou. Foram apenas três medalhas: ouro de Rafaela Silva e os bronzes de Mayra Aguiar e Baby. O desempenho foi pior do que em Londres-2012, quando o time voltou para casa com um bronze a mais.
“A Olimpíada foi muito acirrada. As medalhas tiveram uma distribuição mais homogênea, foram 26 países ganhando. Só o Japão foi fora da curva. Se olharmos para dentro do judô, não dá para dizer que o Brasil foi mal, mas se olharmos para fora, meta do país, o judô tinha potencial para contribuir com mais medalhas”, admitiu o gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson.
“Fizemos uma excelente preparação, não faltou nada. Poderíamos ter ganho mais medalhas e vamos trabalhar. A partir deste sábado, já estamos pensando em Tóquio-2020”, complementou a técnica Rosicleia Campos.
A meta do Comitê Olímpico do Brasil é colocar o país no top 10 no número total de pódios conquistados. Para isso, estima-se que sejam necessárias 27 medalhas nos Jogos do Rio.
Japão termina Olimpíada como maior vencedor no judô
Os gritos de “Allez les Bleus” e as bandeiras da França dominaram a Arena Carioca 2 no último dia de competições do judô. O país europeu foi dominante e levou os dois ouros da categoria peso-pesado. No masculino, era barbada. O multicampeão Teddy Riner acrescentou a segunda medalha olímpica dourada em seu currículo. Com os quatro triunfos obtidos na Rio-2016, ele aumentou a sua invencibilidade para 112 lutas. A última derrota do judoca foi há oito anos, nas quartas de final dos Jogos de Pequim, em 2008.
Entre as mulheres, a francesa Emilie Andeol desbancou a atual campeã olímpica, a cubana Idalyz Ortiz, e garantiu o título.
A liderança do quadro geral de medalhas da modalidade, porém, ficou com o Japão. Os asiáticos totalizaram 12 pódios, com três ouros, uma prata e oito bronzes. Na sequência vieram França, Rússia, Itália, Estados Unidos e Brasil.
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