Pouco conhecido até poucos meses atrás, Rogério Micale viu cair sobre seus ombros a responsabilidade de conduzir a seleção brasileira à inédita medalha de ouro. O treinador de 47 anos nasceu em Salvador, mas a carreira no futebol foi construída no Paraná. Quem trabalhou com ele em Londrina garante que Micale é o cara certo para acabar com as frustrações olímpicas e levar o país ao lugar mais alto do pódio.
Guia da Olimpíada Rio-2016
Leia a matéria completaForças Armadas triplicam número de atletas e continência deve ganhar força
Leia a matéria completaEle desembarcou no Norte do estado aos 17 anos, no fim da década de 80, para atuar pelos juniores do Tubarão como goleiro. Passou para o profissional e, além do LEC, defendeu Apucarana e Operário. Nessa época, Rogério se transformou em “Aranha”. O apelido sugeria um camisa 1 de alto nível, mas ele não engrenou debaixo das traves.
“Ele mesmo fala que era um goleiro meia-boca”, brinca Ariobaldo Frisselli, o Dedé, coordenador geral do Junior Team, onde Micale depois trabalhou como técnico. “Ele era maluco, mas confiante. Um líder quando jogava também”, conta Amarildo Vieira Martins, que presidiu a Portuguesa Londrinense por 17 anos e presenciou várias atuações do Aranha.
Escolinha
A carreira dentro de campo acabou cedo, aos 23 anos. Mas Micale estava decidido a seguir na área. Começou a estudar Educação Física e montou um campo de grama sintética no centro de Londrina, o “Spider Ball”, existente até hoje. Lá montou uma escolinha e deu os primeiros passos como treinador.
Em 1999, veio o convite para trabalhar na base da Portuguesa Londrinense. “Eu via ele com as crianças, acompanhei a evolução, era um cara de nível. Por isso trouxe ele para o clube”, diz o ex-presidente da Lusinha.
Ele ficou cerca de dois anos na equipe. Ainda voltaria em 2004. No interior do Paraná também passou pela Adap – em Jacarezinho e Campo Mourão -, além de Junior Team e Londrina. Sempre na base.
Atlético ‘leva’ Micale ao Figueirense
Micale deixou o estado em 2004 para trabalhar no Figueirense, onde ganhou projeção ao conquistar a Copa São Paulo de 2008. Mas a ida para o time catarinense só foi concretizada graças a outro paranaense e um convite do Atlético.
Leandro Niehues, ex-técnico do Rubro-Negro, era o escolhido do Figueira. As duas partes chegaram a fechar o acordo verbalmente, mas no dia seguinte o técnico foi chamado pelo Furacão e preferiu o time da Baixada. Sem técnico para a base, a equipe de Florianópolis pediu uma indicação para Niehues.
“Na época em que tudo isso aconteceu eu trabalhava no PSTC e o Micale na Portuguesa. A gente era sempre adversário. Conhecia o trabalho e indiquei, passei o contato dele. Aí eles se acertaram”, relembra.
Confiança no ouro
Do Figueirense, Micale foi para o Atlético-MG. O trabalho de qualidade no time mineiro ao longo de sete anos o credenciou para a seleção sub-20 e sub-23. O time olímpico “caiu em seu colo” após a demissão de Dunga, em junho.
O comandante da equipe nacional é considerado exigente, organizado e extremamente estudioso. Os colegas são unânimes em apontar que a chance do jejum do futebol brasileiro em Olimpíada acabar é grande.
“Basta bater um papo com ele, que você vai ver que ele é diferente. Vai dar liga. Vamos ganhar essa Olimpíada”, crava Amarildo Martins. “Os treinos são ótimos e o Rogério e tem uma leitura de jogo muito boa. Então pode mudar uma partida. O Dunga ia fazer ‘cagada’. Estou esperançoso que ele traga o ouro”, opina Dedé sem meias palavras.
“Veio para ele a chance de um titulo inédito e em casa. Ele está no centro das atenções e tudo se desenhou para ele ser o campeão. Acredito que vai acontecer”, confia Leandro Niehues.
Deixe sua opinião