Integrante do Comitê Olímpico Brasileiro, o advogado Alberto Murray Neto tornou-se crítico feroz da gestão de Carlos Arthur Nuzman. Assim, é natural que ele preveja vida curta para o Rio na votação de sexta-feira e tema por uma repetição ampliada dos gastos desmedidos do Pan. "As trapalhadas serão as mesmas", diz.
Rio 2016 é a candidatura brasileira mais consistente?
(Os membros do Comitê Organizador) aprenderam a fazer dossiê bonitinho, mas, do ponto de vista técnico, evoluiu pouco. Temos no projeto atual obras do Pan que não foram feitas.
O Rio é favorito?
Acho que o Rio cai na primeira rodada de votação. A cidade tem problemas de infraestrutura e segurança que não sei se resolve tão cedo. Tóquio tem as melhores condições técnicas. Madri já corrigiu a legislação antidoping. Chicago não teria garantias governamentais, mas já resolveu isso. O COI divulgou dossiês que não colocam nenhum favorito para que os holofotes da disputa permaneçam até o último momento. O Rio está bem de marketing, cria esse clima de euforia, assim como cada cidade vive a sua euforia.
Muito se fala do legado da Olimpíada para a cidade e o país. Mas, como vai ser o desempenho dos atletas?
Em questão de medalhas, de jeito nenhum seremos uma potência. Falta política de longo prazo, de base. Mesmo criando um marco regulatório para o esporte agora, não será daqui a sete anos que teremos resultados. Continuaremos com talentos individuais.
Há o risco de acontecer com o Rio-2016 o que aconteceu com o Pan-2007, em que os gastos foram 1.000% maiores que o orçamento?
A pergunta é se vai ter tanto dinheiro público, ainda mais depois de sediar a Copa, que até agora não conseguiu investimentos privados. As trapalhadas serão as mesmas do Pan, em que o grande legado que ficou foi a investigação no TCU (Tribunal de Contas da União).
E o carisma do Lula, que já garantiu o apoio da Espanha e da França, conta pontos?
Esse conchavo é mal visto pelos membros do COI. Acha que os eleitores franceses vão votar no Brasil só por que o Sarkozy disse que apoia o Rio? O único que poderia ter grande influência seria o Obama, sobre os eleitores africanos. Ele, de fato, é um líder mundial e carismático. (AB)
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