Na véspera da partida contra o Cruzeiro, o atacante Vagner Love disse que o jogo no Mineirão seria chave para as pretensões do Palmeiras no Campeonato Brasileiro e o time mostraria por que é o melhor da competição. E foi exatamente o que aconteceu.
O Verdão foi guerreiro, valente e, mesmo com um homem a menos, conseguiu suportar a pressão do rival. Com gols de Diego Souza e Vagner Love, saiu de campo com uma importantíssima vitória de 2 a 1. De quebra, voltou a vencer longe do Palestra Itália após quatro rodadas.
O resultado, além de fazer a equipe do Palestra Itália se isolar na liderança do Brasileirão, com 47 pontos, deixou o time três pontos à frente do São Paulo e quatro do Internacional. O Cruzeiro, que sofreu a 11ª derrota na competição, permaneceu na 13ª colocação, com 32 pontos.
Os dois times voltarão a campo no próximo fim de semana. No sábado, o Verdão receberá a visita do Atlético-PR, às 18h30m, no Palestra Itália. A Raposa, no mesmo dia, encara o Barueri em São Paulo.
Início em alta velocidade
O Palmeiras entrou em campo com uma baixa de última hora. Edmílson, que voltou a sentir dores na coxa esquerda e acabou vetado pelo departamento médico. Isso frustrou os planos do técnico Muricy Ramalho, que havia planejado sua equipe com esquemas táticos mutantes, ou seja, variando entre o 3-5-2 e o 4-4-2. Com Jumar no meio-campo, o time foi definido com duas linhas de quatro.
A partida começou em ritmo acelerado. Coube ao Cruzeiro tomar a iniciativa. Logo aos 4, Kléber foi derrubado na área por Wendel, e o juiz Evandro Rogério Roman não marcou o pênalti. Três minutos depois, os mineiros abriram o marcador. Thiago Ribeiro recebeu de Henrique em posição legal, avançou sozinho e, cara a cara com Marcos, tocou com categoria, no canto esquerdo do goleiro. Foi o quinto gol do atacante no Campeonato Brasileiro.
Mas a galera cruzeirense nem teve tempo para comemorar, já que a resposta alviverde foi imediata. Dois minutos após o gol mineiro, o Verdão deixou tudo igual no marcador. E foi um golaço. Diego Souza, que voltava ao time após ter cumprido suspensão automática contra o Vitória, cobrou falta da intermediária com muito efeito, enganando o goleiro Fábio - a bola foi quase no meio do gol.
Aos 16, novo lance polêmico na partida. Gilberto fez bela jogada pela esquerda, invadiu a área e tocou para Fabrício, que, na hora do chute, foi acertado por Jumar, que cometeu pênalti, não marcado por Evandro Rogério Roman.
A igualdade no marcador fez com que as duas equipes seguissem buscando o gol. O Cruzeiro era mais incisivo, e o Verdão apostava nos contra-ataques, principalmente pelo lado esquerdo, nas costas do volante Elicarlos, que, improvisado na lateral-direita, deixava uma avenida nas costas. Aos 31, Armero fez bela jogada pelo setor, invadiu a área e bateu cruzado. Fábio fez bela defesa e, na sobra, a zaga cruzeirense afastou o perigo.
Nos últimos dez minutos, o time da casa voltou a levar perigo para o gol palmeirense. Foram três lances e, curiosamente, todos com Diego Renan. Aos 39, Fabrício desceu pela direita e cruzou na medida para o camisa 6, que chutou por cima do gol. Dois minutos depois, o mesmo lateral recebeu passe açucarado de Kléber, cortou a marcação e só não marcou um golaço porque Marcos fez grande defesa. E, já nos descontos, recebeu de Fabrício e, sozinho, avançou para o gol. Porém, adiantou no último toque, o que facilitou o corte do camisa 12 do Verdão.
Etapa complementar
Preocupado com os vacilos defensivos da equipe, o técnico Muricy Ramalho resolveu modificar o esquema tático do Palmeiras. Ele reorganizou o time no 3-5-2, com a entrada do zagueiro Maurício na vaga do atacante Robert. Com isso, Diego Souza foi adiantado para fazer dupla com Vagner Love. O Cruzeiro voltou com a mesma escalação.
Quando a bola rolou, o Palmeiras manteve sua filosofia de deixar o rival tomar a iniciativa e tentar encaixar um contra-ataque para marcar o segundo gol. E foi exatamente isso o que aconteceu aos 5. Diego Renan errou um passe no ataque, e Cleiton Xavier fez uma ótima assistência para Vagner Love, que, com tranquilidade, avançou, driblou Fábio e bateu para o gol vazio.
O que daria uma certa tranquilidade ao Palmeiras logo transformou-se em pressão. Isso porque o lateral-esquerdo Armero, que já tinha cartão amarelo, fez uma falta em Jonathan na entrada da área e acabou expulso. Muricy, então, voltou a reorganizar o time em duas linhas de quatro. Do lado cruzeirense, Adílson Batista partiu para o tudo ou nada e colocou o atacante Guerrón na vaga de Elicarlos.
Para aumentar a dramaticidade palmeirense, Wendel, com um corte na boca, precisou ser substituído. E o treinador palmeirense, então, promoveu a estreia do chileno Figueroa na lateral direita.
A pressão cruzeirense era incrível. O Palmeiras, como não podia deixar de ser, recuou sua marcação e se defendia como podia. Vagner Love, Cleiton Xavier e Diego Souza, em vários lances, viraram volantes ou laterais. E as chances de gol do Cruzeiro apareciam em sequência.
Aos 25, Kléber ficou cara a cara com Marcos e chutou de pé direito. O goleiro alviverde desviou, e a bola, caprichosamente, bateu na trave. No lance seguinte, Guerrón desceu pela direita e fez cruzamento açucarado para Leonardo Silva, que cabeceou no canto de Marcos. Desta vez, ele só olhou. A bola raspou a trave e saiu.
Chuva aparece e Cruzeiro segue em cima
Aos 29, já com muita chuva no Mineirão, Muricy Ramalho resolveu mexer no ataque, para tentar segurar a bola no campo ofensivo. Ele sacou Vagner Love e colocou Willians. Do lado cruzeirense, Adílson Batista trocou o apagadíssimo Kléber por Wellington Paulista. Principal personagem da partida, por ter ido numa festa da principal torcida organizada do Verdão, o atacante foi muito vaiado pela torcida cruzeirense e aplaudido pela minoria alviverde presente no Mineirão.
Nos últimos minutos, o Cruzeiro tentou de tudo. O zagueiro Leonardo Silva virou atacante, o time subia com até seis, sete jogadores, mas o Verdão, na base do coração, montou uma barreira intransponível. E no fim, comemorou a vitória, que, se não foi justa, mostrou que o time está mais vivo do que nunca na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.
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Em Minas Gerais
Cruzeiro
Fábio, Elicarlos (Guerrón), Leonardo Silva, Gil e Diego Renan; Fabrício (Jonathan), Henrique, Marquinhos Paraná e Gilberto; Kléber (Wellington Paulista) e Thiago Ribeiro.
Técnico: Adílson Batista
Palmeiras
Marcos, Wendel (Figueroa), Maurício Ramos, Marcão e Armero; Souza, Jumar, Cleiton Xavier e Diego Souza; Vagner Love (Willians) e Robert (Maurício).
Técnico: Muricy Ramalho
Gols: Thiago Ribeiro, aos 7min, e Diego Souza, aos 9min do 1º tempo. Vagner Love, aos 4min do 2º tempo
Cartões amarelos: Henrique e Gilberto (Cruzeiro); Marcos, Cleiton Xavier e Jumar (Palmeiras). Cartão vermelho: Armero (Palmeiras)
Estádio: Mineirão. Data: 23/09/2009. Árbitro: Evandro Rogério Roman (PR). Auxiliares: Roberto Braatz (PR) e Carlos Berkembrock (SC).