Coritiba
Organizada reclama no Procon
A majoração nos preços dos ingressos no Coritiba provocou protestos em parte da torcida. O presidente da uniformizada Império Alviverde, Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, prometeu ingressar com uma ação no Procon questionando os altos valores cobrados pelas entradas e pelas mensalidades dos sócios. "Acho injusto que o torcedor pague a dívida do clube, contraída por maus gestores", disse Corrêa. O clube rachou com a organizada desde o episódio de vandalismo em dezembro que custou a interdição do Couto Pereira.
Na contramão da política de majoração de ingressos praticada por vários clubes, assistir ao Paraná virou uma pechincha. O novo plano de sócios do Tricolor lançado ontem é um apelo à presença do público na Vila Capanema, cuja média foi a quarta no Estadual, com apenas 1.888 torcedores. A adesão à modalidade mais em conta, destinada a mulheres, sócios olímpico e crianças, derruba o custo mensal de acompanhar os jogos no estádio para R$ 16,50.
Contando que na largada da Série B em maio serão três confrontos no Durival Britto, o valor por partida cai a R$ 5,50. Menos ainda para o movimentado mês de setembro. O valor dividido nos quatro duelos como mandante no período reduz o preço para R$ 4,12 por embate. Uma bagatela. Na bilheteria, para o local mais em conta do Durival Britto, o acesso ao estádio sairá por R$ 30 quase o dobro para ver apenas 90 minutos e o mesmo preço cobrado no Regional.
A iniciativa contempla, com diferenciações nas cifras, ainda um plano empresarial. "Chegamos a estas modalidades após uma intensa solicitação dos nossos torcedores. Esperamos que haja uma resposta. R$ 16,50 é um valor muitíssimo acessível para qualquer pessoa", afirmou o vice-presidente de marketing Márcio Vilella.
O desconto contraria uma tendência geral de aumento nas entradas. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgado nesta segunda-feira e que mediu a inflação em Curitiba nos últimos 30 dias, a alta mais expressiva entre os produtos e serviços avaliados no quesito despesas pessoais foi exatamente o preço do ingresso para futebol: 13,46%.
O Coritiba, também na Série B, anunciou na semana passada o valor mínimo de R$ 80 para o ingresso avulso de arquibancada (R$ 40 a meia). O plano mensal sai por R$ 50. "Queremos contemplar o nosso associado. Além de pagar menos para assistir a todos os jogos ele terá várias vantagens", justificou o vice-presidente Vilson Ribeiro de Andrade.
Na segunda-feira o Alviverde lançou um Clube de Benefícios com descontos em vários estabelecimentos de Curitiba e de Joinville, onde o clube mandará seus primeiros jogos na Segundona.
"Mesmo com esses valores pequenos, o sócio-torcedor traz um pouquinho de liquidez ao Paraná. A cada novo integrante no plano, o clube sai do zero para um lucro de R$ 4 ou R$ 5 por partida por pessoa. Cria-se também uma receita independentemente do desempenho da equipe, que hoje é a cultura do nosso futebol. Pode ser uma estratégia interessante a curto prazo para aumentar a massa crítica e depois rever preços um pouco melhores", avaliou o professor de MBA de Gestão em Marketing Esportivo da Escola Trevisan de Negócios, Thiago Scuro. Segundo ele, ao atrair a mulher e a criança, o clube pode aumentar o público agregado com a presença também de maridos, namorados e pais.
Campeão de público no Paranaense, com média de 10.365 pagantes, o Atlético desfruta da maior adesão associativa, com mais de 20 mil rubro-negros. Na Baixada, o avulso sai por R$ 50, o mensalista desembolsa R$ 70.
"O sucesso do projeto é incontestável e acreditamos na expansão com a ampliação do estádio. Graças ao sócio temos uma receita permanente", afirmou o diretor de marketing do clube, Paulo Verardi. A receita em 2009 com o plano associativo chegou a R$ 12,6 milhões, encostando no faturamento de televisão, R$ 13,7 mi. "O Atlético foi um precursor. Ao oferecer nowvos serviços e aumentar o preço, ele mudou o perfil do seu público. É o único exemplo bem-sucedido no país", falou Scuro.
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