Saiba mais sobre o futebol de cinco:
Os goleiros são os únicos que enxergam
As bolas tem um sistema de som interno (guizos) para que os quatro jogadores de linha, que atuam vendados, possam saber onde ela está
Um integrante da comissão técnica, o "chamador", orienta o ataque: quem está por perto, quando driblar, onde chutar, etc
São dois tempos de 25 minutos. Em cada período, o técnico pode pedir um tempo de um minuto
A quadra tem o mesmo tamanho das disputas do futsal. O piso em Londres será uma espécie de carpete sintético
Só há lateral se a bola ultrapassar um barreira de um metro de altura colocado nos lados do campo
Se na Olimpíada a seleção coleciona fracassos, a equipe de futebol de 5 do Brasil voltada para cegos é especialista em garimpar ouros nos Jogos Paralímpicos. Nas duas vezes em que a modalidade foi disputada (Atenas-2004 e Pequim-2008), dois títulos.
Em Londres, a busca pelo tri que começou, ontem, com um empate por 0 a 0 com a França se confunde com o sonho antigo de um paranaense. Aos 28 anos, o zagueiro Emerson Carvalho participa pela primeira vez de uma Paralimpíada.
Em 2004, ele foi pré-convocado, mas ficou fora da lista final. Quatro anos depois, uma lesão o tirou da competição na China. "A hora chegou. Na cerimônia de abertura, alguns meninos que já tinham participado [dos Jogos] optaram por descansar, mas eu quis ir lá sentir o clima", conta.
Emerson perdeu a visão ao 6 anos, em um acidente automobilístico. O veículo colidiu com um cavalo e o garoto foi arremessado contra o painel do carro. "Gosto muito de futebol. Um tempo depois do acidente, voltei a jogar. Colocava a bola em um saco plástico para ela fazer barulho e brincava com meus irmãos e primos", lembra o atleta que, apesar de contar com patrocínio, trabalha como auxiliar de radiologia.
Sem poder enxergar, a concentração com a audição é fundamental no esporte. Concentração que ele também tem para falar do time de coração, o Paraná. "Sempre acompanho. Infelizmente, depois que eu embarquei [para Londres, há cerca de três semanas] parece que a má fase chegou ao time. Na terça, fui dormir tarde porque fiquei ouvindo Guarani e Paraná [0x0]", conta, esperando que os resultados com a seleção lhe tragam noites de sono mais tranquilas.