A Arena da Baixada passará, hoje, por uma fiscalização para definir se a obra para a Copa do Mundo poderá ser retomada. O resultado da vistoria servirá de base para a Justiça do Trabalho decidir se suspende ou mantém a interdição determinada na terça-feira. A verificação será feita pelo Grupo Móvel de Auditoria de Condições de Trabalho em Obras de Infraestrutura (GMAI), órgão subordinado ao Ministério do Trabalho, que esteve no estádio mês passado e apontou riscos graves à segurança aos operários. O relatório elaborado a partir dessa visita respaldou o embargo.
A dependência do novo parecer do GMAI desencadeou uma intensa reação do Atlético, ontem. Juridicamente, o clube entrou com um mandado de segurança para suspender a interdição. A alegação é de que todos os pedidos dos fiscais foram atendidos e compilados em um relatório de 100 páginas apresentado à Superintendência do Ministério do Trabalho no Paraná. E num ato inédito na sua atual gestão, Mario Celso Petraglia convocou a imprensa local para uma entrevista coletiva, ontem à tarde (leia mais nesta página).
Acompanhado de engenheiros responsáveis pela obra, da alta direção do Ministério do Trabalho no estado e da cúpula diretiva rubro-negra, Petraglia defendeu as condições de segurança do canteiro rubro-negro e questionou os critérios aplicados pelo GMAI. Chegou, inclusive, a dizer que havia algo por trás do procedimento adotado pela fiscalização. Porém, ao ser perguntado diretamente a quem no governo federal interessaria tirar Curitiba da Copa, disse que não era possível afirmar nem concluir que realmente exista essa intenção.
"Esse pessoal entrou na nossa obra e criou um clima de terror, de que está tudo errado, de que vai parar. Não me lembro de outras obras [de estádios para a Copa] interditadas e nas outras tivemos acidente grave, óbito até. Nós, no máximo marteladas e interdição", afirmou Petraglia.
O dirigente definiu a interdição da obra como uma crise e admitiu que alguns aspectos não eram compatíveis com o exigido pelo GMAI. "Se comparar com o nível determinado pelo GMAI, tinha diferença. Mas a maior comprovação de que cumprimos as determinações de segurança do trabalho é de que, em dois anos de obra, não houve acidente grave", afirmou.
Segundo Petraglia, em meio aos 11 dias de visita dos auditores, a CAP S/A, gestora da obra, foi atendendo as exigências. Durante a coletiva, o clube apresentou o relatório que reúne essas intervenções.
"O GMAI teve uma visão estritamente legalista. A auditoria não pode ser instrumento de terror, mas algo para fazer a obra fluir. Está errado, autua. Não simplesmente para a obra e tchau. Entendo que vocês [Atlético] precisam de tranquilidade para fazer essa obra", disse Sérgio Silveira de Barros, chefe de Seção de Inspeção do Trabalho no Paraná.
Petraglia não soube precisar quantos dias a obra suporta ficar parada sem prejudicar o cronograma. O estádio tem um evento-teste, para 10 mil pessoas, marcado para 26 de janeiro e a inauguração para 26 de março. O diretor de construção do clube, Luiz Volpato, disse que o atraso prejudicará o acabamento com que a Arena será entregue. O presidente, porém, assegurou que a Baixada estará completamente pronta em 22 de maio, quando será entregue à Fifa.
No início da noite de ontem, a juíza do Trabalho Eneida Cornel não atendeu ao mandado de segurança do Atlético pedindo a retomada da obra. Ela irá esperar o parecer do GMAI, mas determinou que os auditores estejam na Arena hoje, às 9 horas. Caso contrário, a vistoria será feita por um perito judicial previamente designado pela juíza do Trabalho Lorena de Mello Resende Colnago, responsável pela determinação do embargo na terça-feira.