Uma das minhas tristezas no futebol é constatar que grandes craques do passado, ídolos incontestáveis da bola, vão caindo gradativamente no esquecimento e os seus nomes viram poeira do tempo, até na memória do futebol. No máximo permanecem nos compêndios, almanaques ou enciclopédias que as novas gerações parecem ter preguiça de ler.

CARREGANDO :)

A maioria dos jovens afastou-se do futebol pela queda da qualidade técnica, pela má fama dos dirigentes que quebraram os clubes, pelo fracasso da seleção nas últimas Copas e, sobretudo, pelas inúmeras opções existentes, tanto em outras modalidades esportivas quanto em jogos eletrônicos e o variado mundo novo do lazer.

O esvaziamento dos estádios brasileiros nas últimas décadas demonstra claramente que, logo, logo, o futebol vai ser coisa de velho. Como ontem começou nova edição do centenário Campeonato Paranaense, que moldou o caráter futebolístico da minha geração, por ser a maior competição até a ascensão dos nossos principais times aos torneios nacionais e internacionais, assisti aos primeiros jogos.

Publicidade

Hoje, lamentavelmente, o estadual virou problema para os grandes clubes, que possuem calendário o ano inteiro. O estadual perdeu relevância, qualidade, arrecadação e motivação.

Mas quem assistiu a mais da metade dos cem Campeonatos Paranaenses realizados, como eu e tantos outros, temos a obrigação profissional de preservar a memória dos nossos times, dos melhores jogadores e todos aqueles que embalaram os nossos sonhos na época de ouro do futebol brasileiro.

Daí a importância do trabalho coordenado pelo colega André Pugliesi no Guia do Paranaense. De saída recebi uma informação que desconhecia do jogador que mais levantou taças na disputa: o quarto zagueiro Claudio Marques, oito vezes campeão pelo Coritiba. Craque como poucos, em sua virtuosa carreira Claudio Marques é um exemplo da crueza com que são tratados os ídolos do passado.

Ao contrário do futebol europeu, que cultiva a memória com museus bem organizados que incluem a interatividade entre os símbolos, os troféus e os personagens da história na relação com os torcedores atuais o futebol brasileiro é refratário nesse aspecto.

Poucas são as imagens dos jogadores do passado em ação e os jovens com formação eletrônica não acreditam que eles foram melhores do que os ídolos do momento.

Publicidade

Os dirigentes que administram mal esses clubes falidos são vaidosos ao ponto de tentarem competir em prestígio com os craques, ignorando a importância da preservação de uma época luminosa do futebol, que não se repetirá.

Mas o passado resiste. Se ele nos melhora ou nos transforma, é outra discussão. Lá está ele, na memória das gentes. E, na aguçada memória dos que ainda cultivam a arte do passe, do drible, dos belos gols e das grandes defesas dos goleiros imortais.

Dê sua opinião

O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

Publicidade