O primeiro dos dois socorristas do Siate que atenderam o acidente envolvendo o jogador Alan Bahia, do Atlético Paranaense, na noite do último domingo, depôs nesta terça-feira (31) na sede da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran). Por ora, o atendente da corporação foi a única testemunha do acidente a depor, mas algumas revelações podem agravar o indiciamento de Alan Bahia. Outro jogador, Alex Miranda, que foi revelado nas categorias de base do Furacão, estava no carro e morreu.
De acordo com o delegado titular da Dedetran, Armando Braga de Moraes Neto, o jogador, depois de receber alta nesta terça-feira, deve depor no máximo até quinta-feira (2). "Ouvimos um dos socorristas do Siate que tentou atendê-lo, mas ele (Alan Bahia) se negou a ser atendido. O socorrista confirmou que ele estava alterado, mas não soube precisar se foi em virtude do choque, do trauma da pancada, ou se estava sob influência de alguma coisa", afirmou o delegado.
Braga espera o depoimento do segundo socorrista, marcado para a manhã desta quarta-feira (1), para poder definir se Alan Bahia estaria alcoolizado (uma vez que a polícia afirma que as latas de cerveja encontradas próximas ao veículo do jogador realmente estavam no carro) ou não. "Esse outro socorrista teve mais contato com o Alan Bahia, e com o depoimento dele poderemos nos aproximar do que realmente aconteceu", explicou.
Apesar do teste de bafômetro não ter sido feito, o depoimento deste socorrista pode agravar a situação do jogador atleticano. "Tudo leva a crer que não era uma situação normal. Isso porque em um acidente assim, a chegada do Siate é sempre um bom sinal, mas não foi isso que foi visto neste acidente", afirmou o delegado lembrando que o jogador se recusou a ser atendido.
"Não existe essa situação do carro bater em um poste de concreto, localizado em um terreno baldio, e por coincidência latas de cerveja estarem ali. Somado ao fato de que ele se recusou a entrar na ambulância e ser atendido, mesmo com um corte e um edema, é uma situação atípica. Por isso é que quero ouvir o outro socorrista, se ele declinar que sentiu um hálito etílico (de álcool), já passa a ser prova. O Código de Trânsito Brasileiro afirma que o agente público que atender a ocorrência pode constatar algum sinal de embriaguez e isso ser usado como prova. Por isso é um depoimento crucial".
Culposo ou doloso?
Inicialmente, Alan Bahia seria indiciado formalmente por homicídio culposo (sem intenção de matar). Mas dependendo da apuração dos fatos, o indiciamento pode mudar para homicídio doloso (com a intenção de matar ou de assumir o risco de produzir a morte, em razão das circunstâncias em que o evento aconteceu). E o delegado explica o porquê.
"Com a verdade dos fatos apurada e os depoimentos dos socorristas, esperamos definir o tipo de crime antes mesmo do depoimento do jogador. Homicídio culposo existe quando existe imperícia ou negligência, quando o motorista, em um acidente de trânsito, se distraiu e não teve a intenção. Já o dolo significa dirigir em alta velocidade e embriagado. É algo que não devemos fazer. E por enquanto, já sabemos que a velocidade era inadequada, até porque derrubou o poste", assegurou Braga.
Terceira ocupante
Com relação à terceira pessoa que estava no veículo, Janaina Loyola Alves, de 20 anos, o delegado afirmou que ela será convocada nos próximos dias. "O pessoal do Hospital do Trabalhador já nos passou que ela recebeu alta e tão logo tenhamos o seu endereço em mãos, iremos chamá-la para depor", disse.
O inquérito, por enquanto, não tem data para ser entregue, e Braga espera concluí-lo o quanto antes, depois de colher os depoimentos e analisar os demais documentos que envolvem o caso, como o exame de necropsia feito em Alex Miranda (o qual pode sinalizar que o jogador também teria ingerido bebida alcoólica).
A possibilidade de prisão de Alan Bahia também não é cogitada. "Não vejo o porquê disso agora. O jogador é conhecido, tem um emprego certo, uma residência fixa, não vejo isso acontecendo", finalizou o delegado.
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