No último sábado (6), à mesa do restaurante Capurro’s, na região da Baía de San Francisco, estavam 12 pessoas. Quase todas vestiam camisetas na cor laranja do Denver Broncos, que disputa neste domingo (7), contra o Carolina Panthers, o Super Bowl 50.
“Ah, vocês vão todos ao jogo? Vão viver a experiência no Levis’s Stadium então?”, disse Lou Capurro, 37, rindo e fazendo uma careta, passando o dedo no pescoço em seguida, como se o estivesse cortando com uma faca.
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Leia a matéria completaO dono do restaurante, como muitos dos fãs, dos San Francisco 49ers, dono do local onde a NFL descobrirá o seu campeão da temporada 2015-2016, não é nada fã da casa nova do time californiano.
Mas por que Capurro não gosta do moderno estádio inaugurado em 2012 ao custo de US$ 1,3 bihão (cerca de R$ 5 bilhões)?
“Bom, para começar, o Candlestick Park ficava a cinco minutos da minha casa”, contou o empresário, falando da antiga arena, que foi demolida em setembro do ano passado e ficava na parte leste de San Francisco.
A distância de 72 km até a cidade de Santa Clara é a maior, mas não a única queixa dos fãs sobre a arena. No TripAdvisor e no Yelp, por exemplo, é possível ler várias reclamações sobre o trânsito para deixar o local nos dias de jogos.
“Conheço pessoas que demoram duas horas só para sair do estacionamento em dias de jogo”, diz Capurro, dono de ingressos para a temporada inteira no Levi’s Stadium.
Com amigos em Santa Clara, o empresário tem garagem garantida fora do complexo do estádio.
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Leia a matéria completaHá no complexo 21 mil vagas para estacionamento, quase sempre usadas em sua totalidade. Isso porque chegar até lá desde São Francisco de ônibus pode levar até duas horas, segundo estimativa do aplicativo Moovit, que mapeia rotas de transporte público.
Neste domingo (7), chegar ao local deve ser ainda mais difícil, já que motorista do Uber prometem boicotar o Super Bowl em protesto contra a diminuição das tarifas da companhia e, consequentemente, do repasse feito a eles.
Outra reclamação relativa ao Levi´s é em relação ao sol forte que bate na parte da tarde em um dos lados da arquibancada nos dias mais quentes.
Joe Marquee, 67, por exemplo, já deixou um jogo no meio devido ao calor. “Lá pelas 15h, a temperatura fica insuportável”, afirma o também torcedor dos 49ers.
A altura do prédio é a falta de tradição, algo óbvio para um estádio novo, também são alvos de queixa.
“É basicamente uma lata de metal sem alma”, diz, por exemplo, a resenha do usuário C.J. C, no Yelp.
“O Candlestick tinha uma atmosfera caseira, que permitia ouvir os barulhos do campo, mesmo da arquibancada mais alta. No Levi´s, a arquibancada mais alta fica tão alta que dá até sensação de vertigem”, escreveu Cster A., na mesma rede social.
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Embora alguns fãs torçam o nariz, o Levi’s é visto como um grande sucesso comercial e de marketing. Em 2015, a arena foi apontada pelo Sports Business Journal como a melhor do mundo.
O estádio tem 68.500 assentos, sendo 165 suítes e 8.500 cadeiras cativas.
Santa Clara não foi escolhida para recebê-lo por acaso. No Vale do Silício, famoso pelas diversas empresas de tecnologia lá instaladas, o município tem baixo índice de chuva, bem ao contrário da vizinha famosa San Francisco.
O prédio também conta com restaurante e com o museu em homenagem ao San Francisco 49ers. E conta com iniciativas verdes, com reaproveitamento de água da chuva para os banheiros, por exemplo. Painéis solares para aproveitamento da energia solar também serão instalados em breve.
Inaugurado em 1960, o Candlestick Park, a antiga casa dos 49ers tornou-se ultrapassado com o tempo. Além dos jogos da equipe, a arena para 70 mil pessoas recebeu o último show dos Beatles nos EUA, em 1966.
O último show no estádio foi do ex-Beatle Paul McCartney, em agosto de 2014.
Além dos 49ers, o estádio sediou jogos do San Francisco Giants, de Baseball, entre 1960 e 1999, e do Oakland Raiders, também de futebol americano, em 1960 e 1961.
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