Lutador Anderson Silva é um dos brasileiros que já caíram em um exame de doping| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Dos 26 lutadores escalados para entrar no octógono do UFC 198, no dia 14 de maio, na Arena da Baixada, em Curitiba, cinco já caíram no doping em algum momento da carreira (leia abaixo). E se depender da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), entidade independente que regula o evento no país, o controle será cada vez mais rígido para possíveis trapaceiros, com nível olímpico de excelência.

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De acordo com o presidente da CABMMA, o advogado paranaense Rafael Favetti, todo o processo é feito com base nos critérios da WADA (Agência Mundial Antidoping), responsável por conduzir os exames nos Jogos OIímpicos, por exemplo. Desde equipamentos até coletores e laboratórios, todos têm o mesmo selo da Rio-2016.

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“Os profissionais que vão acompanhar os atletas são os mesmos que estarão na Olimpíada”, destaca Favetti. “Todos os lutadores são testados no dia da luta e também em exames surpresa”, acrescenta.

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Criada em 2013, a CABMMA foi inspirada na Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC), baseada em Las Vegas, onde acontece a maior parte dos grandes eventos de artes marciais mistas americanos. Além de fazer o controle de seis torneios nacionais atualmente, o órgão tem um convênio com a USADA (Agência Antidoping dos Estados Unidos) para supervisionar o UFC, o que já aconteceu 18 vezes em três anos.

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“Pelo que sei somos a única entidade de MMA do Brasil que exige antidopagem. Temos esse protocolo assinado com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). O canal Combate resolveu apostar e só transmite eventos regulamentados por nós”, conta Favetti, que se limita a comentar como as inúmeras federações de MMA espalhadas pelo país tratam o assunto. “Complicado”, resume.

Além de controle antidoping, ficam sob o guarda-chuva da CABMMA outros dois pontos: arbitragem e supervisão médica. Limitação que garante a isenção do modelo inovador do órgão, que vive às custas da quantidade de filiados.

Vender ingressos, negociar cota de televisão ou organizar campeonato está fora de questão. “O que não podemos é cair no conto da sereia do dinheiro, de organizar campeonatos. Perderíamos legitimidade. Temos que ser especialistas e fazer o que sabemos, de maneira série e independente”, afirma Favetti. “Vivemos no vermelho, na correria [para pagar as contas]”, finaliza.

Quem já caiu no doping e estará no UFC 198

Anderson Silva

 
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O Spider foi pego em fevereiro de 2015 pelo uso de androsterona e drostanolona, após a vitória sobre o americano Nick Diaz. Ele alegou inocência e disse ter ingerido um estimulante sexual contaminado. Foi punido com um ano de suspensão. O caso abalou a imagem imaculada da maior estrela do MMA.

Cris Cyborg

 

A paranaense caiu no doping em dezembro de 2012, após nocautear a japonesa Hiroko Yamanaka no Invicta. Além da ser suspensa por um ano, ela perdeu o cinturão peso-pena do campeonato. A substância utilizada foi o anabolizante estanozonol. A lutadora culpou um produto para ajudar na perda de peso.

Nate Marquadt
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O doping do americano foi em 2005, quando o UFC ainda engatinhava no combate aos trapaceiros. Na época, ele disse que foi um ‘erro estúpido’ porque tomou um suplemento com nandrolona, substância não permitida. Em 2011, ele foi demitido do UFC por falhar em um exame médico com níveis de testosterona acima do permitido.

 

O carioca caiu no doping em 2006, no Pride USA, pelo uso de hidroxitestosterona. Ele alega ter tomado uma injeção, sem conhecimento da substância, para curar uma lesão no joelho. Foi suspenso por nove meses, mas sua história com doping não para por aí. Por muito tempo, o brasileiro foi adepto de TRT (terapia de reposição de testosterona), que foi banida pelo UFC em 2014. Ele, inclusive, chegou a lutar contra Jon Jones com nível de testosterona acima do limite, fato revelado por uma reportagem somente dois anos depois.

Yancy Medeiros
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O peso-leve americano caiu no doping pelo uso de maconha, em fevereiro de 2014. Sua suspensão foi branda, de apenas 90 dias, já que na época o UFC não tinha um controle antidoping independente.