Madri - Quase 80 mil torcedores e cerca de 500 veículos de imprensa de todo o mundo estiveram ontem no Santiago Bernabéu, em Madri, para a recepção ao homem de 94 milhões de euros do Real Madrid. Quando se fala em números, tudo o que cerca a ida do português Cristiano Ronaldo ao clube espanhol é grandioso. Pelo menos neste início, a estratégia arrojada do presidente Florentino Pérez tem conseguido o efeito desejado.
A festa com cerca de 50 mil torcedores para Kaká, há uma semana, já havia impressionado. Ontem, porém, a euforia foi proporcional ao valor pago pelo jogador mais caro da história. Faltou espaço no estádio do Real e alguns torcedores não puderam entrar o público superou o recorde de 65 mil pessoas que compareceram à chegada de Maradona ao Napoli, em 1984.
"Eu sei que a pressão que terei aqui é maior do que no Manchester United. Mas sou ambicioso e quero que comece logo para eu poder mostrar o que posso fazer", disse o jogador, de 24 anos. Com a presença de ídolos do passado, como Eusébio e Di Stefano, o craque português subiu ao palco com a camisa 9 e apenas o nome "Ronaldo" às costas, como era no Manchester United.
Em suas primeiras palavras, falou em bom espanhol o que todos esperavam ouvir. "Estou muito feliz de estar aqui. Estou cumprindo um sonho de menino, que era jogar no Madrid." Após os discursos, poses para fotos e brincadeiras com bola, Cristiano Ronaldo teve de driblar alguns torcedores, que começaram a invadir o palco. Assim, como houve com Kaká, o atacante português teve de apertar o passo ao sair do palco. " É impressionante. Não esperava um estádio tão cheio", disse ele. "Foi um sonho para mim."
No Manchester, o português vestia a 7, que herdou de Beckham, mas no Real pertence a Raúl, revelado no clube e ídolo maior da torcida. Com a camisa 9, seu nome e número ficaram idênticos ao que o Ronaldo brasileiro usou em suas últimas temporadas pelo clube madrilenho. "Queria a 7, mas a 9 está bem. É um número místico, que me deixa tranquilo", garantiu. "Mas os números não jogam."
Mesmo sem entrar em campo, os números da nova era galáctica do Real impressionam. Ao chegar à presidência, Florentino Pérez prometeu 300 milhões de euros (cerca de R$ 823 mi) em reforços. Em um mês, gastou 209 milhões em quatro atletas. Além de Kaká e Cristiano Ronaldo, ele pagou 15 milhões de euros pelo zagueiro Albiol e outros 35 milhões pelo atacante Benzema.
Para Cristiano Ronaldo, a meta deste timaço não será dar espetáculo. "Mais importante é um futebol de resultados, que ganhe títulos."