Se não bastasse o prejuízo esportivo do rebaixamento para a Série B, em 2009, o Coritiba ainda precisa lidar com outras consequências da trágica tarde de 6 de dezembro daquele ano. Pelo menos sete jogadores daquela equipe esperam receber na Justiça valores de vencimentos que supostamente não foram pagos.
Os meias Carlinhos Paraíba e Pedro Ken, por exemplo, pedem juntos cerca de R$ 1 milhão. Uma herança maldita para o grupo que atualmente dirige o clube. "Isso [reclamações trabalhistas] é um câncer do futebol", reclama o dirigente coxa-branca Ernesto Pedroso.
Segundo ele, o Alviverde tem atualmente R$ 5 milhões em pendências trabalhistas. "Não é nada assombroso. Acredito que essa quantia pode cair para cerca de R$ 2 milhões com alguns acertos ou ganhos de causa. E todos os acordos da gestão do Vilson [Ribeiro de Andrade, desde janeiro de 2010] foram cumpridos", garante.
Segundo o que a reportagem apurou, a verba rescisória de contrato é o principal argumento dos atletas contra o Coxa na Justiça. O clube teria deixado de pagar valores referentes, por exemplo, a 13.º salário e fundo de garantia. Outro ponto de discórdia seria relativo aos direitos de arena dos jogadores. Em vez de repassar o valor total (20%), somente um quarto teria sido depositado mensalmente na conta dos jogadores.
De acordo com Marcos Malaquias, empresário do meia Pedro Ken hoje no Avaí , a iniciativa de acionar a Justiça foi do próprio jogador. O valor em questão seria de aproximadamente R$ 200 mil.
"A decisão foi dele e eu, como representante, tenho de acatar", afirmou Malaquias, se dizendo contrário a brigas judiciais, especialmente pelo fato de o atleta ter sido criado no Alto da Glória.
"Tentamos um acordo e acabou não dando certo. Depois o Coritiba fez uma proposta, mas o Pedro não aceitou. Porém acho que nas próximas audiência ainda haverá um acerto", sinalizou o empresário.
Procurado pela reportagem, o departamento jurídico do Coritiba afirmou que não se pronuncia publicamente sobre o assunto para não atrapalhar o andamento dos processos.
Mesmo discurso do presidente Jair Cirino, que dirigia o Alviverde em 2009. "Estamos nos esforçando para não repassar nenhum passivo trabalhista para a próxima gestão", disse ele, que deixa a presidência em dezembro.