Hospital nega morte encefálica
O estudante de Direito João Henrique Mendes Xavier Vianna, 21 anos, não teve confirmada, até a noite de ontem, sua morte encefálica, diferentemente do noticiado por diversos órgãos de imprensa, inclusive a Gazeta do Povo. O rapaz, torcedor do Atlético, atropelado após o Atletiba no domingo, segue internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital do Trabalhador, em Curitiba.
Na Argentina, torcida única ajuda a reduzir incidentes nos estádios
Levantada como solução para garantir a segurança em dia de futebol em Curitiba, a adoção de jogos com torcida única foi eficiente no combate ao principal problema da modalidade na Argentina: a violência nas imediações dos estádios. A medida é implantada desde 2007, quando a Justiça do país determinou que os jogos da Segunda e Terceira divisões locais fossem assistidas da arquibancada somente por torcedores do mandante. As ocorrências policiais nos estádios diminuíram consideravelmente. Em clássicos mais importantes, como Boca x River ou Rosário x Newells, as poucas experiências também foram bem sucedidas.
As primeiras reações ao atropelamento do estudante de Direito João Henrique Mendes Xavier Vianna, de 21 anos, torcedor do Atlético, e ao vandalismo que marcou o Atletiba de domingo serão manifestadas hoje. Pela manhã, às 9 horas, o comando da Polícia Militar (PM) se reúne com representantes das torcidas organizadas e dirigentes dos três times da capital. O encontro será no Quartel do Comando Geral da PM, no Centro de Curitiba.
A conversa servirá para avaliar a estratégia de segurança usada no clássico (28 ônibus foram depredados) e novas medidas de prevenção que poderão ser tomadas para conter a violência em torno do futebol. A questão de futuros Atletibas com apenas uma torcida voltará à tona foi discutida antes do jogo no Couto Pereira.
O posicionamento de Atlético e da Torcida Organizada Os Fanáticos é de apoiar a iniciativa. "Sou favorável à diminuição do espaço destinado aos visitantes. Se os problemas não acabarem, reduzir até chegar a zero", afirma Marcos Malucelli, presidente do Furacão.
A descaracterização do principal jogo do futebol paranaense, contudo, não é unanimidade no Alto da Glória. Se Tico Fontoura, presidente do Conselho Deliberativo é favorável, para Jair Cirino, presidente do clube, "torcida única não resolveria o problema". "A questão é de segurança pública, Ministério Púbico (MP), que vai muito além dos limites do estádio", ressalta. Posição semelhante manifestada pela Império Alviverde, principal uniformizada ligada ao Coritiba, que cobra punição aos baderneiros. "Mas se quiserem fazer, estaremos juntos", avisa Luiz Fernando Corrêa, o Papagaio, chefe da facção.
Para o promotor do MP-PR, Ciro Expedito Scheraiber, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, tirar a torcida visitante do clássico não é a solução. "A violência não está ocorrendo na saída do estádio, mas em outros pontos da cidade. E proibir uma torcida de ir ao jogo não a impede de estar na rua da mesma maneira, quem sabe reunida no clube para ver a partida por um telão. Pode ser até pior", argumenta. "Quem está predisposto a brigar vai fazer da mesma forma. É um problema cultural", conclui.
À noite, antes da partida entre Atlético e Santos, às 19h30, na Arena, um grupo de torcedores do Rubro-Negro, integrantes da comunidade do clube no Orkut, pretende entrar em campo com uma faixa em apoio a João Henrique. "Vamos pedir Justiça e paz", diz Thiago Vilas Boas, um dos idealizadores. Já para o dia 7 de novembro está sendo programada uma passeata com saída prevista para as 10 horas, na Boca Maldita. Os manifestantes passarão pelos três estádios de Curitiba.
"Queremos a presença de torcedores do Atlético, Coritiba e Paraná unidos pela paz", convoca Vilas Boas.
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