As histórias começaram juntas, mas se separaram ainda nas quadras mirins de futsal. Dali em diante, os antigos colegas seguiram caminhos marcados por rivalidades históricas. Ídolos de suas torcidas, Alex e Ricardinho foram se encontrar apenas na seleção. E agora se preparam para mais um capítulo de disputa pessoal. Talvez a maior de todas: quem será o meia escolhido para compor o elenco brasileiro na Copa da Alemanha, em 2006.

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O técnico Carlos Alberto Parreira indicou sua dúvida durante a semana, ao deixar pendente quem seria escalado na meia-esquerda para o jogo desta tarde contra a Bolívia, às 17 horas, em La Paz. Sempre cauteloso, o treinador não crava seu favorito na luta pelo hexa. Mas a confirmação de Ricardinho como titular pende a convocação para o lado do santista. Alex deverá entrar no intervalo do jogo.

O estilo de Parreira faz com que aqueles que trabalharam com a dupla também apostem em Ricardinho. "Ele está mais assíduo na seleção", pondera Paulo César Carpegiani, responsável por revelar o coxa-branca Alex, em 1995. "O Ricardinho já trabalhou mais com o Parreira. É o meu palpite", aponta Rodrigo Batata, meia do Coritiba, companheiro de ambos no futebol de salão.

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Início no futsal

Alex e Ricardinho se viram durante a carreira defendendo oponentes. Seja no futsal (AABB x Pinheiros), no campo (entre Coritiba e Paraná) e em São Paulo, no pior dos embates: Palmeiras e Corinthians.

No ápice da carreira, outro acontecimento oposto para os conterrâneos (Ricardinho é paulista, mas veio cedo para o Paraná). Enquanto Alex era nome certo para a Copa de 2002 e acabou de fora, o menos cotato Ricardinho ganhou o penta graças ao corte do capitão Émerson (machucado).

As trajetórias diminuíram o contato entre os meias e o relacionamento é apenas cordial. Mesmo assim, atletas se esquivam de qualquer campanha pró-Copa.

Sem comparações

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Quando questionados sobre quem se encaixaria melhor no esquema do Brasil, eles defendem a bandeira das características diferentes. Ou seja, um não anularia o outro.

"Ele atua mais à frente, quase como um terceiro atacante. Eu me posiciono um pouco atrás, como um meia de armação, de organização de jogo", analisa Ricardinho, eterno ídolo paranista.

"As pessoas comparam bastante, até por sermos dois meias canhotos. Mas acho que temos estilos de jogo distintos", afirma Alex, maior revelação do Coxa.

Essa opinião tem outros adeptos. "O Alex é mais criativo e joga do meio para frente. O Ricardinho é mais armador", define Carpegiani.

O treinador precisou observar apenas 30 minutos do então juvenil Alex no Coritiba para se encantar com o estilo do jogador. "Eu tinha o Ademir Alcântara como um ponta-de-lança e então criei a figura do falso ponta só para poder encaixar o Alex no time", conta.

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Ricardinho também despontou cedo na Vila Capanema. Lapidado no futebol de salão, o jogador foi observado por Antônio Lopes e não demorou para chegar ao time profissional. Ele participou da fase áurea do Paraná na década de 90 e foi decisivo principalmente na campanha do tetracampeonato estadual, em 96.

Ricardinho também desconversa quando o tema é seu possível favoritismo à camisa amarela na Copa. "Minha preocupação é apenas trabalhar. Eu e o Alex nos respeitamos muito, já conversamos sobre as comparações que fazem sobre nós. Mas sobre essa disputa ninguém fala. É problema para o Parreira", afirma o meia.