Opinião
Rodrigo Fernandes, editor.
O pior da colheita
Dizem que os editores de jornal, a rigor, são aqueles que separam o joio do trio e publicam o joio. Certamente, há uma dose de exagero na definição. Agora, lamentavelmente, quando a pauta fala em Copa-2014, vale a máxima.
Em janeiro de 2011, na ponta do lápis, o Brasil estará a 42 meses da abertura do torneio (se o calendário atual for mantido). E nem o local do primeiro jogo foi totalmente definido.
No próximo ano, não precisa bola de cristal para cravar, será novamente comum ver manchetes de jornal envolvendo o mau uso de recursos públicos, estádios superfaturados, atraso no cronograma de obras, jogo político, denúncias do Ministério Público, entre outras...
Sobre Curitiba, apesar da aparente calma, a situação segue o raciocínio do joio especialmente, quando se fala em obras de infraestrutura para a cidade. Praticamente tudo segue no papel.
A erva daninha do trigo não deve sair da cabeça de quem torce pelo sucesso do Mundial. Tenha certeza, no fim, a bola vai rolar e a taça será entregue. Agora, isso basta?
Não é pretensão sonhar que o torneio da Fifa trará benefícios colaterais e duradouros à comunidade. Que a partir de janeiro (tudo bem, depois do carnaval) o poder público sinalize que, ao menos, ganharemos uma cidade melhor. Por enquanto, deguste o pior da colheita.
Em meio a obras atrasadas, licitações travadas pelo Ministério Público e orçamentos inchados, a Copa de 2014 caminha. A passos lentos, é verdade, mas caminha. O ritmo, porém, terá de ser diferente a partir de 1.º de janeiro. Ou os entraves acabam, tirando os estádios do papel em 2011, ou o segundo torneio Fifa no Brasil terá de ser bem mais enxuto.
A próxima temporada servirá como um vestibular para o Comitê Organizador Local (COL), liderado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira. As sedes que se saírem bem, chegando a dezembro com as obras em estágio avançado, confirmarão presença na Copa das Confederações, em 2013. Por consequência, passarão a almejar um maior destaque dentro do próprio Mundial a Fifa, apesar dos atrasos que marcaram a edição sul-africana do campeonato, determina 31 de dezembro de 2012 como prazo final para as praças de esportes estarem prontas.
Já as cidades que persistirem na tática do "empurrar com a barriga" correm sérios riscos de acompanhar a Copa de longe. Nos bastidores já se fala abertamente da possibilidade de ao menos duas serem cortadas, reduzindo a dez o número de subsedes. Neste caso, Natal, no Rio Grande Norte, é a grande favorita a ser limada. A Arena das Dunas, que será erguida no lugar do antigo Machadão por cerca de R$ 400 milhões, por ora não passa de uma maquete. De pois de não aparecerem interessados na primeira licitação, o governo prepara uma nova investida para os próximos dias, mantendo a incógnita.
Outro problema: decidir se São Paulo e o novo campo do Corinthians, em Itaquera será mesmo palco do jogo de abertura da Copa. Questão que atinge outras sedes. Belo Horizonte também está no páreo. Assim como Brasília, que estuda reduzir o projeto no caso de perder a "eleição". A previsão inicial é que o Estádio Nacional possa receber até 70 mil torcedores (a um custo de R$ 700 milhões), se transformando no segundo maior do torneio, atrás apenas do Maracanã (76.525 pessoas).
Ameaças que parecem não incomodar o comitê de Curitiba. O Atlético espera finalizar até fevereiro o projeto executivo de remodelação da Arena da Baixada, iniciando a construção entre maio e julho. A tempo, de acordo com os dirigentes, de participar da Copa das Confederações. "Está tudo caminhando bem, dentro do prazo. Não há motivo para preocupação", repete Luiz de Carvalho, gestor do município para assuntos relacionados à Copa 2014.
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