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Colônia – Nem só de dedinhos para cima e pouca ginga sobrevive o samba longe de suas origens. Na cidade mais brasileira da Alemanha durante a Copa do Mundo, quem dá tom nos repiques e tamborins é uma escola alemã.

A Unidos de Colônia, formada há três anos, é a primeira num local povoado por blocos de samba capazes de conferir à cidade o título de carnaval mais animado do país. Empolgante o suficiente para não deixar o frio e muitas vezes a neve estragarem a festa.

O período carnavalesco, com a preparação das alegorias, começa impreterivelmente às 11h11 do dia 11 de novembro. E o samba sai às ruas da mais antiga cidade germânica durante cinco dias, em fevereiro. O sucesso da festa é tanto que a população (em torno de um milhão de pessoas) dobra.

O idealizador da escola tem apenas 24 anos. Loiro, de óculos e aparência tímida, contraria qualquer estereótipo de sambista. Mas a paixão pela música, despertada há 10 anos, o fez aprender todos os instrumentos da bateria e hoje ele comanda 80 "ritmistas".

"Não tocamos tão bem porque aqui quem quer pode tocar. É democrático", explica Christoph Quade num português perfeito, dominado em apenas três visitas ao Brasil.

Para melhorar a harmonia, o grupo de 160 pessoas se reúne uma vez por mês para ensaiar. Sem sede própria, eles agitam cuícas, chocalhos, surdos e repiques importados do Brasil numa sala desativada da polícia de Colônia.

A habilidade nos instrumentos levou Quade à bateria da Unidos da Tijuca. Mas o que poderia ser o auge para o músico teve uma ponta de decepção.

"Achei o carnaval no Rio de Janeiro muito comercial. Fico no Brasil em fevereiro, mas quando vão começar os desfiles eu volto para cá", revelou. O estilo é mais semelhante a Salvador, na comparação dele.

Enquanto o puxador de samba Reinhard Meissner finaliza um samba enredo original, contando a história do carnaval na Alemanha, a escola ensaia com a música usada pela Beija-Flor na conquista do título carioca em 2004. Casado durante 20 anos com uma brasileira, ele compõe em português.

Além da canção própria, a escola tem um outro desafio até o próximo carnaval: "Temos mestre-sala, bandeira (em vermelho e branco, cores de Colônia) e procuramos uma porta-bandeira", conta o fundador.

O requisito é saber dançar e ser alemã. Ele confessa que a dança não é seu forte, mas que metade da escola tem samba no pé. Quem ajuda no requebrado das passistas é uma professora holandesa, Mylgia Van Uytrecht.

A habilidade alemã numa marca registrada do Brasil será testada no dia 25, quando se apresentarão em Colônia, para centenas de torcedores brasileiros concentrados na cidade.

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